por Gilberto Coutinho
Os aminoácidos são substâncias orgânicas, constituintes básicos das proteínas, podendo ser obtidos a partir delas por hidrólise (ruptura de uma ligação química pela água).
São conhecidos 22 aminoácidos principais, divididos em 8 essenciais (em condições normais, não podem ser sintetizados pelo organismo), 2 semiessenciais (arginina e histidina) e 10 não essenciais (podem ser sintetizados a partir dos essenciais e de outras estruturas carbonadas). Correspondem a ¾ do peso seco do corpo humano, sendo as substâncias mais abundantes depois da água. Os aminoácidos são fundamentais para os seres vivos e, portanto, indispensáveis numa boa alimentação. O fígado produz cerca de 80% dos aminoácidos necessários.
O organismo não absorve as proteínas. Durante a digestão, as proteínas sofrem ação de enzimas proteolíticas (que quebram as proteínas em peptídeos e esses em aminoácidos) e peptidases (enzimas proteolíticas que agem sobre as proteínas e polipeptídeos) que as hidrolisam, transformando-as em aminoácidos. Os aminoácidos (podem ser empregados com finalidades terapêuticas), os peptídeos (proteínas pequenas, contendo de 2 a 98 aminoácidos) e as proteínas (moléculas compostas de no mínimo 99 aminoácidos) são substâncias que desempenham diversas e importantes funções no organismo: imunológica (os anticorpos são proteínas de defesa), produção de energia, transporte de gases pelo sangue (hemoglobina), reserva energética (albumina da clara de ovo e a caseína do leite), síntese de hormônios, estrutura dos ácidos nucleicos (DNA e RNA), contração muscular, estrutura dos tecidos, digestão, funções enzimáticas, etc.
A película que envolve os grãos de cereais integrais é mais rica em triptofano (neurotransmissor precursor da serotonina), o glúten, em lisina e ácido glutâmico. O arroz integral é também rico em treonina. As frutas oleaginosas (que contêm ou fornece óleos) possuem lisina e metionina. Em geral, carnes, ovos caipiras, soja, lentilhas, laticínios, legumes, milho, abóbora, nozes, arroz integral e outros grãos são ricos em metionina e triptofano. A soja é rica em diversos aminoácidos, principalmente em metionina. É possível obter todos os aminoácidos de fontes vegetais.
A carne bovina fornece a maior parte dos aminoácidos, no entanto, se a ingestão diária de carne vermelha for superior a 1 grama por quilo do peso corporal, o metabolismo nitrogenado se eleva de forma prejudicial, de forma proporcional à quantidade de carne ingerida. Ao serem combinados vários vegetais, alguns laticínios, ovos caipiras, cereais e grãos integrais, e peixes, consegue-se obter todos os aminoácidos necessários para a nutrição humana, sem o aumento nocivo dos resíduos nitrogenados.
Dietas à base de carne vermelha encontram-se relacionadas ao aumento da incidência de câncer, das doenças cardiovasculares, reumáticas e ao envelhecimento precoce (devido ao aumento dos radicais livres, capazes de ocasionar doenças degenerativas).
Para aumentar a utilização dos aminoácidos encontrados nos alimentos, a dieta deve ser diversificada, balanceada e rica em alimentos que contenham vitaminas do complexo B, C e E.
Carnitina: auxilia na regulação do metabolismo das gorduras do coração e dos músculos, sendo essencial ao transporte de ácidos graxos nas mitocôndrias (unidades produtoras de energia nas células). A deficiência de carnitina contribui para diminuir as concentrações de ácidos graxos nas mitocôndrias, o que causa redução de energia. O metabolismo dos ácidos graxos em pessoas obesas tem sido melhorado com a suplementação nutricional desse aminoácido.
Principais fontes: alimentos de origem animal são os mais ricos: carne vermelha, peixes, aves, laticínios, trigo, abacate, etc. A deficiência de vitamina C acarreta baixos níveis de carnitina no organismo.
Vitamina C (Ácido Ascórbico): frutas, legumes, verduras, preferencialmente ácidas, frescas e cruas.
Principais fontes: acerola, laranja, pimentão, kiwi, manga, melão, papaia, morango, couve-flor, limão, abóbora, batata, goiaba, pimenta vermelha, tomate, brócolis e ervilha. A ingestão de alimentos ricos em lisina contribui para aumentar as concentrações de carnitina, assim como sua deficiência pode contribuir para baixar os níveis desse aminoácido.
Lisina: encontrada na maioria das proteínas alimentares.
Principais fontes: peixes, carnes vermelhas, laticínios, gérmen de trigo, legumes, frutas e verduras. A deficiência de lisina encontra-se relacionada com a falta de apetite, fadiga, emagrecimento, deficiência imunológica, anemia e alterações do crescimento. Tal carência pode ser ocasionada por dietas onde as principais fontes de energia são os cereais, que são pobres nesse aminoácido.
Glutamina: repolho cru (verde e roxo). Seu consumo beneficia a memória e a atividade mental, contribui para o combate da fadiga crônica e depressão. É muito útil no combate da síndrome de “overtraining”, que pode afetar atletas e esportistas submetidos a um grande esforço físico. Os músculos são grandes armazenadores desse aminoácido, sua ingestão através da dieta se faz necessário nessas condições.
Ácido aspártico: muito útil no combate da fadiga crônica.
Principais fontes: proteínas vegetais e animais, batata, amendoim, peixes, frutos do mar, carne vermelha, frango, ovo, leite e derivados.
Alanina: participa no metabolismo energético e da glicose.
Principais fontes: proteínas.
Valina: carnes vermelhas, frango, peixes, soja, ovos caipiras, leite e derivados, queijos, milho, gérmen de trigo, lentilhas e nozes. Presente em altas concentrações no tecido muscular.
Leucina: é uma das principais fontes de energia durante atividade física prolongada. O excesso desse aminoácido pode causar hipoglicemia.
Principais fontes: carnes vermelhas, aves, laticínios, trigo integral, arroz integral, gérmen de trigo, nozes e aveia. Excessos de leucina podem provocar uma diminuição acentuada dos níveis de vitamina B3 (niacina), podendo causar pelagra (doença caracterizada por erupções avermelhadas e congestivas da pele em suas partes expostas ao sol, distúrbios nervosos: insônia, cefaleia e depressão; e gastrointestinais: diarreia crônica) nas pessoas com ingestão deficiente dessa vitamina.
Isoleucina: carnes vermelhas, frango, peixes, soja, ovos, leite e derivados, queijos, milho, gérmen de trigo, lentilhas e nozes. Encontra-se em altas concentrações no tecido muscular.