por Renato Miranda
Reconheçamos ou não é impossível viver sem estresse. Refiro-me àquilo que os especialistas denominam distresse ou estresse negativo. Tanto de ordem física (cansaço excessivo, lesões por repetição exacerbada de movimentos, por exemplo), psicológica (preocupações por desempenho, ansiedade, tensões e outros) e social (relacionamento profissional, concorrência e expectativa de sucesso e outros).
Nesse cenário parece que o único caminho para as pessoas é mobilizar o máximo de seus esforços na esperança de viver melhor. Porém, o esforço para seguir esse caminho pode ter como consequência o aumento dos níveis de estresse.
É impossível modificar o ritmo intenso da vida atual e que, portanto, nos pressiona cada vez mais a sermos como atletas de alto nível, como se tudo que fizermos fosse observado e avaliado por terceiros. E mais, que rendamos o quanto for necessário a cada dia.
Muitos profissionais percebem como se sempre estivessem defasados mesmo que de fato não estejam. Outros tantos profissionais percebem estar em falta com uma tarefa frequentemente, mesmo que não estejam.
No lançamento de meu segundo livro me lembro que estava autografando para um leitor quando uma pessoa se aproximou me deu os parabéns protocolares e em seguida perguntou quando seria o próximo livro.
As demandas que nos estressam tendem a serem maiores como se não houvesse limites. O caminho então, não parece ser tentar diminuir as exigências (essa opção poderia ser boa, mas não proporciona desenvolvimento). Nesse caso, melhor seria aprender ou aumentar nossa capacidade de lidar com as demandas da vida moderna. Como?
Resposta objetiva: criar ou mobilizar estratégias pessoais para lidar com o estresse de cada dia baseado na melhora do nosso potencial geral. Ou seja, potencial cognitivo, comportamental, emocional e motor. Em consequência tal mobilização proporcionará condições de nos adaptarmos ao ambiente (situações) em frequente mudança. Em resumo, essa “habilidade em lidar” com as pressões (estresse!) é o que se denomina coping.
Portanto, há um aprendizado consciente de como podemos nos preparar para enfrentarmos o estresse cotidiano de modo a utilizarmos todo nosso potencial físico e psicológico a fim de administrarmos, diminuir ou simplesmente tolerarmos as demandas das mais diferentes atividades pessoais e profissionais.
Não há como fugir da seguinte realidade: se queremos ter sucesso e viver melhor devemos agir como atletas disciplinadamente ativos e nos prepararmos sempre para o desenvolvimento e transformações de toda ordem que o mundo nos apresenta.
Se o estresse é inevitável é fundamental que estejamos preparados para enfrentá-lo com nosso melhor potencial possível. Não com o princípio da disputa que é o de vencer, mas no sentido de harmonização e ajustamento. Desse modo, aumentar nossas habilidades gerais, tanto de ordem física como psicológica, é um grande passo para elaborarmos as estratégias de como lidar com o estresse (coping!).
Nossas habilidades serão desenvolvidas a partir do treinamento constante daquilo que devemos fazer como tarefa: trabalho, escola, planos, enfim tudo o que devemos fazer como rotina. Assim, teremos recursos técnicos sempre atualizados e avançados. Em outro sentido, aprimorar nossa capacidade de nos mantermos motivados e confiantes, mesmo quando as coisas parecem não estar no “devido eixo!”. Acreditar em nossas forças e seguir em frente. Ademais cuidado com as críticas ou melhor, as “fontes” das críticas.
Muitas vezes, ou na sua maioria, é melhor desprezá-las. Principalmente quando essas mesmas vêm de pessoas que não são simpáticas a você, concorrentes em algum nível e não apresentam soluções objetivas. Em resumo, crítica sem solidariedade (simpatia) para resolver problemas são inúteis.
Por outro lado, melhorar nossa capacidade de elaborar meta relativamente compatível com nossas capacidades e prepararmos mentalmente para tudo o que tiver de ser feito e que está ao nosso alcance.
Com a tarefa ao nosso alcance significa que temos condições de controlar aquilo que tem de ser feito. Ao nos sentirmos capazes, aumentamos nosso potencial para lidar com o estresse das demandas.
Além disso, quando sentimos capacidade de controlar algo, nos motivamos e aumentamos nossa autoconfiança para agir em alto nível.
Paralelamente o aumento da capacidade de concentração é essencial. Pessoas concentradas trabalham com mais prazer e não se distraem mesmo em situações inesperadas. Ficar despreocupado com o desempenho, no sentido de não se importar com o que os outros pensam, é um exercício básico para o desenvolvimento de ações produtivas e livres de pressão exacerbada.
Quando em pressão é aconselhável substituir a percepção de estarmos ameaçados com a de estarmos desafiados. Perceber a pressão como algo que pode favorecer o desenvolvimento e, portanto, um desafio a se superar é geralmente mais favorável ao desempenho promissor.
Por fim, ao assumirmos um comportamento positivo e com entusiasmo frente às mais diversas situações cotidianas, calmos perante as situações inesperadas, e nos sentirmos aptos para a recuperação após erros e frustrações, nós estaremos prontos a lidar com as adversidades que o mundo não cansa de nos oferecer constantemente.