por Silvia Maria de Carvalho
"Não baixo a cabeça e se estou certa, vou até o fim. Muita gente não gosta do meu jeito."
Resposta: Apenas por você questionar sua postura diante dos demais, acredito já desconfiar que algo não vai bem.
Partindo do princípio de que há formas distintas de se viver, não se pode negar que algumas posições rígidas e demasiado firmes, dificultam a manutenção dos relacionamentos que, por sua vez, pedem flexibilidade.
Em nome da sinceridade, corre-se o risco de se perder a delicadeza. Nada é tão absoluto que não possa ser questionado. Acho importante não nos submetermos a regras definitivas como: "Verdade acima de tudo", por exemplo.
Acima de tudo mesmo?
Acima dos sentimentos dos outros?
Algumas verdades são cruéis e têm apenas a função do "falante" se livrar da culpa: "Pelo menos eu falei!".
Verdades desnecessárias que não podem ser aproveitadas como melhora na relação ou aprendizado para situações futuras, machucam e ponto. Essas afastam as pessoas e geram mágoas sem propósito.
Mentira e verdade como conceitos absolutos apontam inflexibilidade. Reflito aqui sobre a importância do questionamento de nossos atos, às vezes tão automáticos. Cada situação é única e requer cuidados específicos.
Quantas vezes a razão que temos de algo é a última coisa que importa. Pense nisso: o que você faz com a razão? Ganha e vai pra casa sozinha, levando-a como um troféu para expor na estante. Quando a gente pega a bola do jogo e guarda, não tem mais jogo. E a bola fica lá, do mesmo jeito que a gente fica com a razão. É preciso ver o que tem mais valor pra você. A bola ou o jogo.
Prefiro ceder à racionalidade, em casos sem relevância, onde estar bem com o outro e com a vida me pareça ser bem mais significativo do que vencer.