Crianças podem tomar antidepressivos?

por Joel Rennó Jr.

Resposta: Não podemos nos esquecer que antes de medicar uma criança devemos ter em mente que o jeito dela sentir, entender e expressar-se difere do adulto.

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Portanto, o conhecimento sobre sua maturidade e desenvolvimento do sistema nervoso central (SNC), assim como sobre suas experiências acumuladas ao longo da vida é essencial na determinação da necessidade de tratamento farmacológico.

Crianças diferem dos adultos tanto do ponto de vista neuropsicológico, quanto em relação à absorção, excreção e metabolização dos antidepressivos. Não podem ser encaradas como “adultos em miniatura”.

Tradicionalmente, os antidepressivos mais comumente utilizados em crianças e adolescentes se restringem aos antidepressivos tricíclicos, aos serotoninérgicos (que atuam sobre o neurotransmissor serotonina) e mais recentemente a bupropiona (que atua também sobre o neurotransmissor dopamina).

Os sistemas de neurotransmissores como a noradrenalina e dopamina só estão inteiramente desenvolvidos no final da adolescência. Já o sistema do neurotransmissor serotonina amadurece mais cedo. Esses dados sugerem que as crianças podem responder melhor aos antidepressivos serotoninérgicos (fluoxetina, sertralina, citalopram).

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Antidepressivo só pode ser prescrito em crianças por um psiquiatra infantil devidamente habilitado.

Devem ser utilizados em doses baixas e aumentados gradualmente até a obtenção do melhor efeito terapêutico possível e menor número de efeitos colaterais.

Da mesma forma, a retirada deve ser gradual, pois há sempre efeitos colaterais por descontinuação abrupta (cefaleia, tontura, náusea, vômito, dor muscular, calafrios, ansiedade intensa, irritabilidade e distúrbio de sono).

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Aproximadamente 3% a 8% das crianças e adolescentes que utilizam os antidepressivos serotoninérgicos (ISRS) para depressão e ansiedade desenvolvem impulsividade, agitação psicomotora e irritabilidade. A esse conjunto de sintomas dá-se o nome de “comportamento ativado”.

Há um pequeno, porém crescente, aumento dos riscos de suicídio associado ao uso de ISRS em crianças e adolescentes. A equação risco-benefício precisa ser avaliada. Tal efeito pode ser decorrente da agitação, desinibição e comportamento misto, ou a criança ser uma bipolar em crise. Imaginem uma criança com pensamentos suicidas, em inicio de tratamento que fica mais agitada e com comportamento desinibido. Ela tem maiores chances de concretizar o pensamento suicida que apresenta do que a criança apática e letárgica, sem energia e iniciativa para tal.

Na prática, os antidepressivos só devem ser utilizados em crianças quando a depressão é grave e quando as outras abordagens (psicoterapia individual e familiar) tiverem fracassado.

Atenção!

Esse texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra e não se caracterizam como sendo um atendimento.