Crianças podem usar cosméticos de adultos?

As redes sociais estão repletas de vídeos com meninas usando cosméticos cujas fórmulas não são destinadas à sua pele, ainda em fase de desenvolvimento

O que está acontecendo nas lojas mais sofisticadas de produtos cosméticos nos Estados Unidos, está chamando a atenção do mundo inteiro. Crianças, principalmente meninas, com idade entre 9 e 12 anos invadem as prateleiras contendo cremes anti-idade, corretivos e itens de maquiagem e simplesmente acabam com as amostras destinados a teste.

As redes sociais estão repletas de vídeos de meninas usando produtos cujas fórmulas não são destinadas à sua pele, ainda em fase de desenvolvimento. Isso é tremendamente perigoso, pois a legislação sanitária é bem clara e severa quanto ao uso e concentração máxima das substâncias permitidas para cosméticos infantis. E as fórmulas para adultos obedecem regras muito diferentes, inclusive com princípios ativos que jamais poderiam ser usados na pele de crianças.

Crianças usando cosméticos de adultos: o que fazer?

Num mundo cada vez mais conectado, na minha opinião, é fundamental educar desde cedo, mostrando às crianças que a pele é um pedaço muito importante do corpo e que é responsável por formar uma barreira de defesa contra os perigos do mundo externo. E que não pode ser agredida.

É preciso ensinar a rotina de cuidados diários de higiene e proteção, trazendo produtos que foram concebidos para a pele de quem ainda está longe de ser adulto.

Vale lembrar que a pré-adolescência já é uma janela aberta para a sensibilização da pele por si só, graças ao início da mudança hormonal que em breve vai ocorrer na vida dessas crianças.

Este é um papel de todos: da família, dos fabricantes, da mídia, dos dermatologistas e alergistas.

Afinal, iniciar um tratamento para as rugas, aplicar um corretivo para olheiras, ou até mesmo um batom ou blush, todos formulados para a pele adulta, na pele de uma criança, além do perigo de irritação e dermatites, também faz mal para a autoestima desde cedo, mostrando como a pessoa é, não é o bastante. Já chega de viver correndo atrás de uma imagem irreal projetada pelas redes sociais, com pessoas perfeitas, peles perfeitas, cabelos perfeitos. Isso tem um custo muito alto para a saúde física e mental.

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É engenheira química especializada em Cosmetologia. Tem 47 anos de experiência como formuladora de cosméticos. Atuou em empresas líderes no setor. É autora do livro Beleza Inteligente (Madras). Mais informações: www.belezainteligente.com.br