por Arlete Gavranic
Muitos casais passam por crises no relacionamento uma ou mais vezes. Existem diferentes tipos de crises conjugais, embora a pergunta seja sempre a mesma:
Até onde vale investir, até onde vai um relacionamento?
Existem muitos profissionais, mesmo sem formação em psicologia, psiquiatria ou psicanálise que se intitulam ‘especialistas em relacionamento’. Eles afirmam que são muitas as crises: a do primeiro ano de relacionamento, a do quinto ano, a do sétimo ano, e por aí vai.
Crises ou conflitos podem existir independentes do tempo que se está junto. O importante é aprender a ler o que essa crise esta querendo mostrar, onde estão as falhas de comunicação, onde se perdeu o namoro ou o estimulo para investir, conquistar e reciclar a relação.
Estou falando de relacionamentos, não interessa se é namoro, noivado, casamento ou uma relação entre ‘amantes’. As crises podem acontecer em vários pontos da relação, pode ser no afetivo, no sexual, no financeiro, no familiar, mas a questão é:
Como será a dinâmica do casal para lidar e administrar esses pontos sem danificar ou descarregar baldes de mágoas antigas ou expectativas frustradas?
É comum ouvir de mulheres a frustração com referência à falta de romance na relação. Algumas ficam à espera de um relacionamento de encanto, romantismo e sedução. Às vezes isso se mistura com desejo de proteção, outras vezes com frustração.
Sexualidade
Sexualmente se perde o ritmo ou se entra numa fase de acomodação. Aliás, essa é uma queixa frequente de homens, que também podem esperar de alguma maneira que a mulher seja cuidadora (mãezona) sem ser controladora ou deixar de ser sexy e erotizada!
O mais difícil disso tudo é que essas expectativas são guardadas e não são divididas com o outro. Na maioria das vezes, eu costumo afirmar que a maioria das crises é por falta de uma comunicação clara, afetiva e verdadeira.
Aliás, essa dificuldade começou a ser alimentada lá no começo da relação. Dentro do mecanismo de sedução as pessoas tendem a falar aquilo que agrada ou seduz o outro; nunca se fala o que se gosta, o que se espera, o que se deseja e o que não se quer viver. Parece que por medo de que isso distancie, homens e mulheres se calam e passam a esperar que o outro adivinhe ou perceba e faça coisas que agrade.
É importante lembrar que não há magia de adivinhação em relacionamentos, o que existe é a possibilidade de falar, colocar ao outro o que se deseja, dizer que algumas coisas têm valor especial e ouvir do outro o que é bom ou importante. Parece simples eu sei, mas vejo no consultório casais precisando falar coisas simples como:
– Gostaria que você me ligasse durante o dia
– É mais gostoso fazer sexo quando você toma banho antes
– Acho um incômodo transar com TV ligada no quarto
É por isso que eu digo que na maioria das vezes as crises, inclusive sexuais, começam com uma falha de expressão, e não se está falando de enfrentamentos ou discussões. Existem muitas formas de se falar do que se gosta ou espera ou daquilo que não se acha legal de viver.
Que tal começar?
Roteiro para sair da crise no relacionamento amoroso
– Ler o artigo juntos pode desencadear uma conversa;
– Ressaltem primeiro as coisas que se gosta no outro, escutem um ao outro;
– Digam o que se gosta de viver com o outro, se escutem de novo;
– Tomem fôlego e escolham duas ou três coisas que gostariam que fossem melhores ou um pouco diferentes, se escutem, reflitam juntos, cheguem a um consenso do quanto podem tentar;
– E aí sem o sentimento de atacar ou ser atacado, explique por que é ruim ou por que não gosta de viver, ouvir ou ver determinada coisa que incomoda;
– Se escutem e tente cada um entender o motivo do outro e ver se há possibilidade de negociar, mudar, sublimar.
– Aprender a falar e a ouvir sem ter que se sentir atacado é um grande exercício de crescimento para casais, tanto no aspecto afetivo como no sexual.
Vale a pena tentar…
Bom exercício!