Sem dúvida, todas as doenças têm aspectos psicológicos envolvidos. Não seria possível não haver. O psiquismo está por todo lugar na nossa existência. Dele não se escapa e isso não tem a ver sempre com força ou fraqueza, presença ou não de conflitos. Somos sempre determinados pelo complexo trinômio corpo, mente e ambiente externo. Estes interagem numa perfeita engrenagem, mesmo quando imperfeita.
Mensagem subliminar: a “culpa” da doença é de quem adoece
Entretanto, nem sempre o fator psicológico é o principal determinante das enfermidades físicas. Por isso, devemos ter cuidado com visões reducionistas, rasas e parciais em que tudo é, como se diz no senso comum, “psicologizado”. Quando se exagera nessas correlações psicológicas, envia-se uma mensagem subliminar que diz a “culpa” da doença é de quem adoece. Logo, se quisesse, não adoeceria. Um dedinho para virar um pária que não sabe se cuidar. Isso é cruel em certos casos e é soberbo em outros.
O corpo adoece, modifica e desequilibra. Queira ou não. Boa parte dele não está sob nosso controle. Células se dividem, a bioquímica se movimenta, há vírus no ar, bactérias nos alimentos, e nem sempre sabemos quais serão os resultados dessas reações.
Corrida insana pela saúde
Hoje, se existe o exagero da busca de felicidade, há também uma corrida atrás de tudo que faça “bem” à saúde. Evidente que podemos fazer nossa parte, e devemos, mas não conseguimos controlar, decidir e evitar totalmente o que se passa no interior de nosso organismo, de nossas células etc.
Sejamos mais razoáveis e inteligentes. A vida é complexa e reduzi-la ao psicológico ou ao somático amputa o entendimento sistêmico e peculiar da nossa existência no mundo.
Sei que é frustrante, mas não dominamos tudo, não somos deuses. Só humanos — cheios de vulnerabilidades.