por Roberto Goldkorn
"Por trinta e dois caminhos misteriosos de sabedoria, Deus, o Eterno Tsabaoth, o Deus de Israel, Deus Vivo, Deus Todo-poderoso, elevado e sublime, que habita a eternidade, e cujo Nome é Santo, traço e criou Seu mundo , com três formas: a escrita, o número e a palavra…"
Sefer Yetsira I,1
Esse texto clássico da Kaballah hebraica, ilustra a força e poder que para os antigos cabalistas tinha a Palavra enquanto linguagem e o Número seu parceiro indissociável.
Não precisamos ser tão místicos ou hermetistas quanto os sábios hebreus ou os pitagóricos – antigos ou modernos – para observar que a palavra/número são os tijolos constituintes do mundo manifestado.
Observe como os números comuns estão presentes na sua vida, nas senhas, nas cédulas de identificação pessoal, identificando a casa que você mora, o carro que dirige, o lote do terreno, o números do telefone que lhe chama, a página do livro que tem a sua citação preferida ou o versículo bíblico. O número está em tudo que você vê, mas seu poder é muito maior no que você não vê.
A sua data de nascimento por exemplo é capaz de contar a história da sua vida, de onde veio e os caminhos que deverá trilhar nessa vida.
Os números que correspondem a cada letra do seu nome contam outros capítulos dessa sua história pessoal, com uma riqueza de detalhes que só quem já mergulhou nesse universo pode conferir balançando a cabeça e sorrindo.
A relação letra/número é antiga, muito antiga e se tornou arquetípica, ou seja, ela é um Significado rico em outros significados, conferidos pela ordem em que essas letras se apresentam nos alfabetos – ordem naturalmente numérica – a 1ª letra, a 2ª letra, a 3ª letra e assim sucessivamente.
A preocupação com a escolha de nomes tanto pessoais quanto profissionais nunca deixou de existir e mesmo na nossa sociedade ultratecnológica parece estar em alta.
Já comentei em outras passagens (veja aqui) meu espanto ao ver os nomes do conglomerado de empresas de um bilionário brasileiro, todas pseudosiglas e com o indefectível X em sua composição. Mas falsas siglas que na verdade nada representam perdendo assim a sua força "kabalística" (Bradesco é uma sigla autêntica, forte, pois concentra de forma sintética o nome verdadeiro Banco Brasileiro de Descontos) de juntar num reduzido número de letras todo um significado.
Mesmo sem nunca ter me interessado em analisar o significado numerológico dessas empresas eu apenas ficava surpreso de como nomes assim tão pobres poderiam abrigar negócios de tanto sucesso. Em pouco tempo a casa caiu. Com as notícias de perdas graves, e possível quebradeira, fui pesquisar o significado real da numerologia do império "X". Como desconfiava, era um desastre! Nomes "bombas- relógio" com timer fazendo tic-tac para explodir.
Recentemente um jovem vocalista (Chorão do Charlie Brown Jr.) foi morto por overdose. Seus ex-integrantes criaram outra banda (A Banca) e seu vocalista Champignon em pouco tempo suicidou-se. Fui checar o nome da banda apenas por curiosidade: era outro desastre.
Ao contrário de muitos místicos não acredito que se trata do poder causal do nome de provocar esses tormentos. Acredito que a coisa começa bem antes, na escolha dos nomes. Nisso sou "freudiano". Acredito que inconscientemente quem escolhe o nome já o faz projetando nele os aspectos nefastos da sinistralidade – inconscientemente é claro. O que acontece depois é apenas consequência de uma "escolha" original.
Embora haja grossas camadas de superstição e misticismo inoperante em tudo que cerca esse e outros temas "alternativos" o estudo e a observação isenta da realidade mostram (pelo menos para mim) que os nossos ancestrais estavam certos quanto a importância do nome – eles sabiam sabiamente que dar nome é de certa forma determinar o destino.
Quem sabe vamos aprender com os erros e entender que dar nome a uma banda de rock ou de polca, até a empresas multibilionárias deve ser um processo cercado de cuidados e expertise – de preferência feito por especialista sem vínculos emocionais com a coisa nomeada.