por Joel Rennó Jr.
Depressão e câncer… Neste mês de Outubro, dedicado ao combate e prevenção do câncer de mama, é boa oportunidade falarmos sobre esta relação e desmitificar o assunto.
A depressão pode atingir até cerca de 25% das mulheres com diagnóstico de câncer de mama em média, 7% das mulheres têm depressão.
Antes de mais nada, é importante quebrarmos o tabu de que aspectos emocionais podem ser causadores do câncer.
A depressão e o câncer, o que acontece?
Na verdade, a depressão pode ser um “gatilho” para o surgimento do câncer.
Alguns anticorpos produzidos pelo organismo para combater as células cancerosas provêm de células que inicialmente foram fabricadas com algum defeito.
Tais anticorpos podem também atingir áreas e proteínas das membranas dos neurônios, levando a quadros neuropsiquiátricos como o da depressão.
Perante um estresse mantido, nosso sistema imunológico pode sofrer alterações funcionais e ele tem um papel importante para combater e destruir as células que se replicam de forma anômala.
É como se a vigilância contra os inimigos do organismo se afrouxasse.
O impacto da notícia do câncer de mama é devastador para muitas mulheres.
A mama tem um valor simbólico de feminilidade, sexualidade, amamentação e fertilidade. É o primeiro objeto com o qual o bebê se relaciona com a mãe.
O conhecimento de que o tratamento pode levar à retirada desse órgão ou uma sensação de mutilação é uma possibilidade.
No início pode gerar diferentes comportamentos, inclusive o de congelamento, confusão, desorganização e de impotência.
Quando a depressão é diagnosticada
Nesses casos, independente do tratamento estipulado como radioterapia, quimioterapia ou cirurgia, a medicação antidepressiva é fundamental por vários aspectos:
Melhora da qualidade de vida (energia, menos dores, postura otimista em relação ao resultado do tratamento, sono e alimentação adequados etc) e funcionalidade;
Melhora do prognóstico (com maior adesão ao tratamento, às medidas nutricionais e atividades físicas ou psicossociais necessárias a uma recuperação plena). É fundamental que um psiquiatra especializado em saúde mental da mulher seja procurado.
Como tratar a depressão e o câncer
Há antidepressivos que não podem ser utilizados em conjunto, por exemplo, com o tamoxifeno pelo risco de interação medicamentosa.
O tamoxifexo é usado no tratamento do câncer de mama por inibir a ação do estrógeno nos receptores da mama, um dos mecanismos responsáveis pela doença.
Esse mesmo medicamento que ajuda no tratamento do câncer de mama pode também causar a depressão.
Fundamental também é o profissional médico conhecer as interações medicamentosas entre os quimioterápicos e os antidepressivos.
Os quimioterápicos, apesar do cansaço, fadiga e inapetência que geram, não são causadores diretos da depressão nessas mulheres.
A mulher com câncer de mama passa por diversos estágios na elaboração do trauma ou luto e não deve ser prejulgada pela sociedade.
Seja qual for a reação da mulher, ela precisa ser ouvida e acolhida em seu sofrimento e sua fragilidade momentânea e não vitimizada.
Oferecer suporte e a ajuda especializada correta é sempre o melhor caminho.