por Danilo Baltieri
"Como foi uma descoberta recente, quase agora, ela não sabe que já sei. Sinceramente, estou perdida… Como agir? Que medidas tomar?"
Resposta: Situações como essas são infelizmente bastante comuns. Existem algumas sugestões que podem ser seguidas para amenizar futuros problemas para a sua filha bem como entre ela e você.
Tenho reiteradamente escrito sobre esse tema neste site. Assim, faço agora um sumário sobre as principais recomendações.
Você deverá ter alguns fatores ao seu favor, tais como: o bom e adequado relacionamento com a sua filha e confiáveis informações sobre o consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas nessa faixa etária. O conhecimento de boa qualidade associado com a adequada vinculação com a sua filha contribuirão para um melhor desenlace do fato.
É importante saber como está o desempenho da sua filha: na escola, trabalho e demais atividades. Além disso, quais estão sendo os modelos seguidos pela jovem, quais estão sendo as suas principais dificuldades (relacionamentos, amigos, desempenhos), como estão sendo desenvolvidas as suas expectativas, como o seu pensamento/ideia está sendo organizado.
Fatores de proteção e de risco para o consumo de drogas
Existem fatores protetores e de risco para o abuso de substâncias psicoativas. Dentre os fatores protetores estão: o estreito e adequado vínculo com os pais, os próprios hábitos saudáveis dos genitores, o bom desempenho acadêmico do jovem, bem como habilidades acadêmicas e sociais adequadas. Dentre os fatores de risco estão: falta de suporte familiar, pobre desempenho acadêmico e falta de expectativas realistas, precoce comportamento impulsivo/agressivo, facilidade no acesso às drogas na própria comunidade ou entre os pares.
Em qualquer idade, tente dar todo o apoio possível à sua filha. No entanto, é essencial estabelecer limites quando necessário. Promova atividades em família como, por exemplo, almoçar e jantar juntos, sair, praticar esportes etc. Qualquer forma de lazer pode aproximar sua filha de você e aprofundar o seu conhecimento quanto aos interesses da menor.
Também, muitas vezes, os pais são o “modelo” dos filhos. Logo, suas palavras e conselhos devem estar condizentes com a sua conduta e atitudes.
Infelizmente, mesmo sabendo dos possíveis efeitos nocivos do álcool e de outras drogas como a maconha, alguns pais acham melhor permitir o consumo ou mesmo “fazer vista grossa” sobre ele. Qualquer que seja a sua decisão, o abuso de álcool e de outras drogas não deve ser tolerado em qualquer circunstância. Isso se aplica a você e à sua filha.
Nunca é cedo demais para conversar com seus filhos sobre as drogas em geral. Crianças de seis anos já conhecem alguns comportamentos socialmente aceitos quando o assunto é o consumo de substâncias. Portanto, seja firme.
Dicas para prevenir o consumo de drogas
a) saiba sempre onde está sua filha, com quem está e como está se comportando;
b) expresse interesse verdadeiro pelos assuntos que ela considera importante;
c) dê apoio, mas sempre supervisionando. É possível supervisionar sem parecer ser controlador;
d) mantenha a autoridade com sensatez;
e) ouça os argumentos de sua filha e suas dúvidas. Procure entender como ela pensa e enxerga o mundo. Assim, você descobrirá os melhores argumentos para revelar seu ponto de vista.
A primeira sugestão aqui é manter a calma, evitando reações explosivas, ansiosas e de raiva.
O passo-a-passo para conversar com sua filha
a) Mantenha uma comunicação aberta e honesta com sua filha. Não existe forma fácil para iniciar uma conversação sobre álcool e drogas com os filhos. Todavia, um importante passo para produzir modificação no comportamento é reconhecer o que está acontecendo e explicar como você se sente quanto a isso. Ser aberta e honesta pode encorajar sua filha a também ser aberta e honesta com você.
b) Escolha um momento adequado para vocês conversarem, evitando distrações;
c) Mantenha a calma e não perca o foco do assunto. Não permita ser distraída do seu objetivo;
d) Deixe claro que não é a sua filha o problema, mas sim o seu comportamento;
e) Use questões abertas, permitindo que sua filha explore seus próprios pensamentos e sentimentos. Por exemplo, pergunte sobre o que ela pensa a respeito do uso de álcool e outras drogas, o que ela imagina como consequências e problemas do consumo, se ela conhece alguém com problemas com o uso de drogas, como se faz o tratamento, etc.
f) Ouça cuidadosamente sem julgar. Sua filha é a melhor fonte de informação sobre o que realmente está ocorrendo;
g) Obtenha informações úteis e de boa qualidade sobre o uso de álcool e outras drogas;
h) Apoie e estimule comportamentos positivos que a sua filha manifesta. Apoiar comportamentos positivos surtirá mais efeito do que punir os comportamentos negativos;
i) Encoraje sua filha a manter amizades e atividades saudáveis;
j) Seja ouvida e tenha a certeza de que ela está sendo ouvida também;
k) Congratule-a quando obtiver bons resultados na escola, trabalho, atividades de casa, etc.
l) Se você estiver insegura para fazer isso, uma ajuda profissional pode ser bem-vinda para você;
m) Se você perceber que o comportamento da sua filha está piorando, você pode convencê-la a procurar um profissional especializado. Nessa situação, evite dizer que vai levá-la ao médico por causa das drogas; diga que ela está muito ansiosa, nervosa, distraída e que um check-up médico pode ser útil;
n) Conheça os amigos da sua filha e permita atividades saudáveis dentro da sua casa.