por Thaís Petroff
“… uma ideia é posta à prova frente a evidências concretas que a realidade tem a oferecer. É levantada quais são as evidências (fatos) que são a favor dessa ideia e quais são contra”
Um dos pressupostos da terapia cognitiva é de que os transtornos psicológicos provêm de distorções da realidade. Todos nós distorcemos a realidade de alguma maneira.
No entanto, quando há um transtorno psicológico isso é feito em maior escala e/ou a pessoa acredita com mais veemência nessa distorção e por isso sofre mais.
As distorções cognitivas podem ser vistas em texto anterior (clique aqui e leia).
Como a terapia cognitiva lida com as distorções cognitivas?
A terapia cognitiva possui algumas técnicas para auxiliar os pacientes sobre como lidar com essas distorções. A mais utilizada, e que também permeia outras técnicas, é questioná-las e confrontá-las com a realidade.
Sendo assim, quando o psicoterapeuta percebe que seu paciente está cometendo uma distorção cognitiva ele, com auxílio do paciente (ou seja, a dupla terapêutica), refletem juntos sobre qual distorção está sendo feita naquele momento.
Como na terapia cognitiva acredita-se que nossas ideias não sejam verdades absolutas, mas sim hipóteses, pode-se questionar sua validade. Essa distorção cognitiva (hipótese) é confrontada com fatos.
O que ocorre nesse momento é que uma ideia é posta à prova frente a evidências concretas que a realidade tem a oferecer. É levantada quais são as evidências (fatos) que são a favor dessa ideia e quais são contra. Com base nisso, é possível avaliar o quanto determinada ideia está pautada na realidade e o quanto está distorcida.
Um exemplo já citado nesta coluna é: Uma paciente pode ter a “certeza” de que seu marido a está traindo. Primeiramente é trabalhado o fato de que esse pensamento (“Ele está me traindo”) é uma hipótese e não um fato. A partir daí, começa-se a questionar essa hipótese elencando quais são as evidências que a apoiam e quais são contra. Tendo esse levantamento, a ideia é confrontada com as evidências contrárias e é visto se essa hipótese é válida ou se existem outras possibilidades, talvez até mais viáveis. Caso haja outras possibilidades, pode-se também averiguar quais são as evidências que são a favor e contra.
Com essa metodologia, geralmente se atinge um enfraquecimento dos pensamentos distorcidos e abre-se a possibilidade de levar em conta outras hipóteses que não a primeira cogitada. Isso traz um alívio de sofrimento ao paciente e a percepção de que sua ideias não definem a realidade, mas influenciam suas emoções.
Ao questionar pensamentos que levam a sentimentos desagradáveis, é possível aliviar esse mal-estar e até dar respostas mais eficientes e funcionais.
A partir dessa explanação percebe-se então que é de essencial importância que o paciente seja ativo no processo e seja instruído a respeito de algumas expressões e seus significados, assim como de conteúdos dentro da TCC.
É por isso que aos poucos o paciente vai se tornando seu próprio terapeuta, pois passa a conhecer o processo e as técnicas, podendo utilizá-las mesmo após o término da terapia.