por Roberto Santos
“Minha filha foi desligada da empresa, pois no seu primeiro dia de trabalho, a pessoa que ela iria auxiliar não gostou que ela a auxiliasse. Tudo que foi ensinado ela fez corretamente. Só que quando terminou o expediente, a profissional falou para o chefe que não a queria mais, pois ela era muito observadora, que o perfil dela não era para aquela área. A dona dá empresa nem deu chance para minha filha conversar. Minha filha ficou passada.”
Resposta: É compreensível que sua filha fique “passada”. Baseado no seu relato, vou assumir um entendimento de que sua filha foi contratada por alguém que não gostou do serviço e pediu para a dona da empresa desligá-la.
Sua consulta se refere ao que ela poderia ter feito ao ser comunicada da inadequação à vaga para “ter tido chance para conversar” — numa empresa normal, com pessoas normais, isso seria o mínimo de retorno e consideração a um profissional contratado. Poderia ter insistido, cobrado para falar com as pessoas que a recrutaram e entrevistaram para entender onde houve falha na descrição de expectativas para o cargo em relação às qualificações de perfil que sua filha apresentou.
O que pode ajudar, para não soar agressivo ou desafiador (ainda que merecesse) é solicitar essa oportunidade de conversar visando a preparação para futuros processos seletivos. Uma vez nesta conversa, poderia perguntar, se o perfil dela não é para aquela área, poderia ser para outra? Isso se a empresa valer a pena…
Entretanto, a reflexão sobre o que fazer para prevenir uma situação similar a essa no futuro é o mais importante.
Erros de seleção têm várias facetas e não cabe elencá-los aqui, mas no caso relatado vejo duas hipóteses mais prováveis
1ª) Uma que sua filha não teria muito a fazer, a não ser ficar chateada ou revoltada.
2ª) Outra que pode ajudar em processos futuros. A menos controlável é que às vezes passam coisas nos bastidores das empresas que nunca ficamos sabendo e o que chega a nós, acaba parecendo ilógico e maluco. A pessoa contratante poderia ter outra pessoa em mente, até com amizade pessoal, que não teria aceitado o convite antes, mas depois que a empresa decidiu contratar outro profissional, a “amiga” topou, levando à selecionadora ou contratante usar o que conhecemos por “desculpa esfarrapada” para se livrar-se de seu “erro de seleção”. Nesse caso, prevenir esses casos pouco éticos e profissionais é difícil.
Por outro lado, um “pecado” muito comum entre candidatos, especialmente quando estão ansiosos por uma vaga, depois de um período de desemprego, é o de não fazer perguntas ao entrevistador, seja de Recursos Humanos ou da área contratante. Deixar de fazê-lo, por temer que será mal vista, geralmente acarreta mal entendidos entre o que a empresa espera e o que o candidato poderá entregar. Fazer perguntas e confirmar entendimento mútuo, por outro lado, para um bom entrevistador, mostrará o interesse e a transparência do candidato de querer aceitar.
Entrevista de seleção não é uma via de mão única — deve haver comunicação, isto é colocar as informações “em comum” para as duas partes.
Boa sorte à sua filha em processos futuros!