Deveria comunicar ao meu chefe que pretendo engravidar?

Comunicar gravidez à empresa é uma gentileza e não uma obrigação.  Uma pessoa não deveria ser definida profissionalmente pela condição de estar grávida ou não. Isso está ultrapassado.

E-mail enviado por uma leitora:

“Estou com 27 anos e gostaria de engravidar. Trabalho como secretária, mas isso não é muito bem visto dentro da empresa. Seria o caso de comunicar ao meu chefe, se eu engravidar?  Ou mesmo que pretendo engravidar? ”  

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Resposta: Lamento profundamente quando vejo que ainda temos empresas com esse pensamento, como se gravidez fosse um problema grave que incapacitasse uma pessoa de produzir para todo o sempre.

Temos exemplos de tantas mães extremamente bem-sucedidas, produtivas e ainda mais seguras e realizadas após a maternidade.

De igual forma, temos exemplos de mulheres que não puderam ou não desejaram engravidar e são modelos de sucesso.

A condição da gravidez não define uma pessoa e, normalmente, quem engravida é o casal, então, há com quem dividir as tarefas e responsabilidades.

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Uma pessoa não deveria ser definida, em seu profissionalismo, pela capacidade de gerar ou não gerar filhos. Isso realmente está ultrapassado.

Claro que, como Especialista em RH e em Desenvolvimento Humano há tantos anos, meu primeiro impulso poderia ser perguntar se você acredita que está na empresa certa. Seria questionar se não deve buscar outras oportunidades de carreira, desenhando um futuro em um local um pouco mais aberto, com pensamentos mais avançados e inclusivos, que tenha mais a ver com seus valores.

Porém, acredito que se trabalha lá e está preocupada com seu líder, com a comunicação da gravidez, deva ter apreço pela empresa e de alguma forma, gostar do ambiente e se sentir feliz trabalhando ali.

Como não devemos sempre agir pelo primeiro impulso, pensando sobre alternativas para te dar essa resposta, penso que uma delas possa ser se aproximar da área de Gestão de Pessoas e de Comunicação, visando desenhar uma campanha sobre a valorização da maternidade. Converse com eles e se ofereça para encabeçar essa empreitada, fazendo com que a cultura da organização possa começar a se modificar.

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Se espelhem em modelos de empresas que já tem esse programa e façam benchmarking. Muita coisa pode mudar positivamente com essa sua ação. Afinal, quantas mulheres e mães não estão passando, passaram e vão passar por situação semelhante à sua, tanto na empresa na qual trabalha quanto em outras?

Sobre comunicar ou não, essa é uma decisão muito pessoal, por que é uma questão também muito individual. Se você tem liberdade com esse líder, se acredita que será acolhida, pode se sentir confortável em dividir com ele essa angústia, pois, mais do que dar a notícia, em sua pergunta você transmite uma sensação de receio, insegurança e dúvida.

Igualmente, se acredita que comunicando pode ajudar os colegas e à área a se prepararem referente à ausência quando da licença maternidade, o faça. Afinal, você ficará fora por um tempo e pode até apoiar no treinamento de um substituto temporário ou um colega para exercer bem suas funções. Mais do que isso, pode ajudar a desmistificar essa questão da maternidade X produtividade.

Então, pode ser que uma conversa franca, aberta e sincera tire até mesmo essa imagem que você tem da empresa e que pode ser mais uma lenda do que a verdade. Transmitindo suas dúvidas e decisão, pode se ajudar e ajudar à área e seu líder a se prepararem.

Por outro lado, se não desejar comunicar, fazendo-o apenas quando tiver certeza da gravidez, também é um direito seu; claro que comunicando, ajudamos, como já citei, a área a se preparar. Mas, informar antes do desejo de engravidar, é uma questão muito pessoal e que você deve decidir com tranquilidade, pois, não é uma obrigação informar que deseja ter um filho. É mais uma questão de gentileza com a empresa do que de obrigação.

Dessa maneira, fique bastante em paz para tomar a decisão que cabe melhor no seu momento e que vai mais ao encontro dos seus objetivos e valores, estando certa de que, antes de ser colaboradora, você é um ser humano, com outras definições além da de “funcionária”.

Depois me conta da sua decisão! Sucesso!

Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

Psicóloga Clínica, Especialista em Desenvolvimento Humano, RH, Carreira, Liderança, Executive & Life Coaching CRP: 06/74914 https://www.lucianevecchioconsultora.com.br