Diante do estresse ou perigo: você luta, foge ou se paralisa   

Em situação de estresse, essa reação de luta, fuga ou congelamento provoca uma descarga de adrenalina em resposta a esse perigo

Luta ou fuga ou congelamento – um instinto de sobrevivência que nossos ancestrais desenvolveram nos primórdios. A resposta de luta-fuga-congelamento é a reação natural do corpo a qualquer tipo de perigo. É uma reação ao estresse que nos ajuda a confrontar riscos, como uma pessoa suspeita, um carro desgovernado ou um cachorro feroz.

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Luta ou fuga

Especificamente, luta ou fuga é uma resposta de defesa ativa onde se enfrenta ou se escapa da ameaça. A frequência cardíaca fica mais rápida, há aumento do fluxo de oxigênio para os músculos, a percepção de dor cai e a audição fica mais aguda. A resposta vem instantaneamente, causando alterações hormonais e fisiológicas, e essas mudanças permitem uma ação rápida para se proteger.

Congelamento

No congelamento há uma paralisia transitória, onde se procura avaliar melhor o perigo. O congelamento também é chamado de imobilidade reativa ou imobilidade atenta. Envolve mudanças fisiológicas semelhantes à luta ou fuga, mas, em vez disso, a reação é de ficar completamente parado e se preparar para o próximo movimento.

Reação automática

Lutar-fugir-congelar não é uma decisão consciente, é uma resposta automática, não se pode controlar. A reação começa na amígdala, a parte do cérebro responsável pela percepção do medo.

A amígdala responde enviando sinais para o hipotálamo, que estimula o sistema nervoso autônomo (SNA). Quando o SNA é estimulado, o corpo libera uma carga de adrenalina, noradrenalina e cortisol de forma rápida, produzindo ações fisiológicas específicas ao estresse.

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O SNA se subdivide em dois sistemas: simpático e parassimpático. O sistema nervoso simpático impulsiona a resposta de luta ou fuga, enquanto o sistema nervoso parassimpático impulsiona o congelamento. A reação vai depender de qual sistema domina a resposta no momento.

Adrenalina e noradrenalina

Também chamadas de epinefrina e norepinefrina, a adrenalina e noradrenalina atuam como neurotransmissores e hormônios. Denominadas catecolaminas, elas são produzidas pela medula da glândula adrenal, uma extensão do sistema nervoso. Como hormônios, influenciam diferentes partes do corpo e estimulam o sistema nervoso central. Quimicamente são muito semelhantes: ambas ativam os receptores alfa e beta, no entanto, a adrenalina tem um efeito maior sobre os receptores beta em comparação com a noradrenalina. Receptores alfa são encontrados apenas nas artérias, e receptores beta estão no coração, pulmões e artérias dos músculos esqueléticos.

Descarga de adrenalina no estresse

Adrenalina e noradrenalina causam aumento dos níveis de açúcar no sangue, da frequência cardíaca e contratilidade. No entanto, a adrenalina produz relaxamento do músculo liso nas vias aéreas (broncodilatação), facilitando a respiração, enquanto a noradrenalina faz com que os vasos sanguíneos se estreitem (vasoconstrição), o que pode elevar a pressão arterial. A noradrenalina é continuamente liberada na circulação, enquanto a adrenalina se apresenta durante períodos de estresse.

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Deficiência e excesso

Baixos níveis de adrenalina e noradrenalina podem contribuir para uma variedade de condições físicas e mentais, incluindo depressão, fibromialgia, hipoglicemia, enxaqueca, síndrome das pernas inquietas e distúrbios do sono. Já níveis altos podem causar hipertensão arterial, ansiedade, sudorese excessiva, palpitação cardíaca, dor de cabeça.

Alguns fatores podem fazer com que o corpo produza menos adrenalina e noradrenalina, como estresse crônico, nutrição inadequada e certos medicamentos, como metilfenidato (Ritalina). Fatores que aumentam a produção são alguns tipos de tumores das adrenais, obesidade e situações de estresse súbito (luta ou fuga).

Referências:

*Encyclopedia of Personality & Individual Differences 2020. Fight-Flight-Freeze System.
*StatPearls 2022. Physiology, Catecholamines.
*Scientific Reports 2019. Neural Dynamics of Shooting Decisions & the Switch from Freeze to Fight.
*Nature Reviews Neuroscience 2022. Freezing revisited: coordinated autonomic & central optimization of threat coping.
*Drugs.com 2022. Norepinephrine vs epinephrine: what’s the difference?

Médica especializada em Nutrologia. Membro da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia. Pós-graduada em Terapia Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de Homeopatia. Membro Titular da Sociedade Médica Brasileira de Intradermoterapia. Consultora com atuação em Nutrologia e Medicina Ortomolecular. CRM 52 301716 www.tamaramazaracki.med.br