por Lilian Graziano
Dinheiro deve ser usado para proporcionar experiências. Só assim trará felicidade.
Comprá-la, ele não compra. Mas ajuda a proporcioná-la junto a outros quatro elementos que devemos trabalhar para aumentarmos nosso bem-estar
Para quem quer viver sob um horizonte sempre positivo, aqui vai uma dica importante, corroborada pela Neurociência e algumas das práticas em Psicologia Positiva: eis que, para o cérebro, tanto faz a vivência ou a projeção ou memória dela – experimentamos emoções positivas projetando, vivendo ou relembrando um acontecimento positivo.
Essas emoções, quando repetidas, fazem com que nossos neurônios criem redes neurais orientadas para o nosso bem-estar. E quando planejamos um acontecimento positivo, triplicamos nossas chances de sentir essas emoções e construir essas redes – antes (planejando), durante e depois (lembrando) estaremos em contato com tudo de bom que tal experiência puder nos proporcionar.
Isso no contexto de uma pesquisa mundial sobre qualidade de vida, do Instituto Gallup, coloca nossa relação com o nosso bem-estar financeiro (uma das cinco frentes de bem-estar em que devemos atuar, para alcançarmos um bem-estar geral, segundo pesquisadores do instituto) num contexto mais fácil de se lidar.
Claro que o bem-estar financeiro tem a ver com ganhar a vida, ter a sobrevivência garantida e as necessidades básicas satisfeitas. Mas cientistas do Gallup (em especial Jim Harter) explicam que aumentar o bem-estar financeiro (o que influencia nosso bem-estar geral) deveria implicar em usar recursos financeiros não para ter coisas, mas para proporcionar experiências prazerosas e memoráveis. Objetos tendem a ter seu valor depreciado ao longo do tempo, ao contrário dos bons momentos vividos. É quando triplicam as nossas chances de encontrar bem-estar…
Planejar eventos como férias, festas e momentos com os amigos traz enorme prazer e, certamente, garante que esses momentos sejam agradáveis e memoráveis. Ganhamos planejando, vivendo e depois relembrando cada segundo desses eventos.
É por isso, também, para além das tradições, que certos rituais festivos são tão necessários, tais como batizados, festas de 15 anos, casamentos, Natal, Ano Novo… O dinheiro deveria configurar-se em mais um recurso que ajudasse cada um de nós a “ser”, uma vez que somos constituídos de nossas experiências, e não um recurso voltado para o “ter” – exatamente o contrário do que nossa sociedade tem pregado em suas propagandas, seus valores e outras manifestações mais violentas na atualidade.
Cinco frentes do bem-estar
Mas é como Jim Harter e colegas nos ensinam: de nada adianta, também, trabalharmos tanto nosso (1) bem-estar financeiro. Temos de ter um propósito na vida (2) bem-estar profissional, (3) bem-estar social (relações em geral), (4) bem-estar físico e, por último, e não menos importante, (5) o bem-estar na comunidade (com serviços comunitários e voluntariado, por exemplo). Colocar o foco em um único elemento de bem-estar só nos frustrará e não aumentará nosso bem-estar geral.
Assim, são cinco oportunidades de triplicar a sensação de bem-estar em cada um desses elementos que devemos trabalhar. A felicidade fica mais próxima, quanto mais emoções positivas experimentarmos, dentro de uma vida de propósito e otimismo. Nossos neurônios, nessa situação de plena atitude positiva, seguirão trabalhando a nosso favor, unindo-se para que consigamos multiplicar nosso bem-estar, ainda que a vida nos coloque obstáculos e nos ponha à prova em situações de estresse.
Basta planejar, viver, relembrar… só coisas boas!