por Edson Toledo
Pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde com oito mil pessoas entre 15 e 64 anos, revelou que 11% dos casados não fazem sexo há pelo menos um ano; e este não é só o comportamento dos brasileiros. Um programa da Universidade de Chicago que monitora as mudanças na sociedade americana revelou que 15% das pessoas que vivem sob o mesmo teto estão entre seis meses a um ano sem manter relações sexuais.
Como o tema tem lá sua complexidade, vamos ficar com básico.
É importante percebermos as diferenças entre o homem e a mulher numa relação. As diferentes atitudes entre gêneros em relação ao sexo não tem nada de estranho. Porem, é a capacidade de cada elemento do casal deixar rapidamente de aceitar as diferenças entre ambos, especialmente no que diz respeito às diferenças entre homem e mulher.
O homem tende a sentir desejo momentâneo através do toque, da visão e do cheiro. Porém, a mulher tende a sentir desejo com o que mexe com a sua mente, e ainda por cima carece do tempo necessário para se desligar da realidade e passar para a fantasia do mundo sensual. Esse tipo de resposta mais tardia, da parte da mulher, e a rapidez da resposta sexual do homem, podem criar uma grande barreira entre o casal, podendo parecer que existe uma incompatibilidade sexual, levando cada vez mais a uma diminuição da vida sexual, quando por vezes apenas existe uma incapacidade de comunicação. Portanto, existe consenso em afirmar que homens e mulheres têm diferentes estilos de comunicação.
Certamente essas particularidades de comunicação entre os gêneros tendem a provocar alguns inconvenientes nos parceiros e muitas vezes estão relacionadas com o desempenho de um ou de ambos. Assim, é o cenário desses problemas de comunicação que discutiremos aqui.
Estarem na mesma sintonia e ritmo nem sempre é possivel em se tratando de homens e mulheres e esse tema é bem farto e notório nas mais diversas formas de literatura. Como já foi dito, o modo como se estabelece o vinculado tende a dificultar o relacionamento assim como o entendimento entre os casais. Parece que eles pertencem a diferentes culturas, talvez planetas: homens são de Marte e mulheres de Vênus.
A esse respeito, devemos informar inicialmente que existem dois grandes grupos de mensagens: as mensagens estritamente verbais e as mensagens não verbais. Decididamente as mulheres movem-se e executam muito melhor as mensagens não verbais, utilizando-se de gestos e movimentos do corpo, que por sua vez são muito mais propensas a perguntar sobre situações perturbadoras e angustiantes, fornecendo mensagens de conforto, calma e tranquilizadoras para os outros.
Já eles, os homens, por outro lado, falam sobre esportes, trabalho ou política, enquanto as mulheres tendem a converdar sobre sentimentos. Em relação a esse ponto, os estudos confiáveis sobre o tema mostram que os homens são muito mais resistentes a falar e desenvolver diálogos com conteudos emocionais que as mulheres.
No entanto, as mulheres tendem a ser muito mais propensas a falar sobre seus segredos do que os homens, e esses detalhes são acentuados quando elas estão em um grupo formado por pares.
Homens e mulheres têm diferentes objetivos quando se expressam. Elas usam o discurso para iniciar e manter relações, diferentemente delas, os homens iniciaram uma comunicação através da palavra para exercer controle, preservar sua suposta independência e promover o aumento do seu estato.
Quando pedimos a elas para falar sobre a qualidade de sua vida sexual, as mulheres estão preocupadas com o discurso, o conteúdo e a maneira de levantar questões, eles, no entanto, muitas vezes se referem ao sexo como uma forma defensiva de ataque e essa forma, ocultar a vergonha em ter que discorrer sobre erotismo e suas experiências pessoais.
A essa altura já da para você leitor detectar que a qualidade da comunicação é essencial para a coexistência de homens e mulheres em qualquer nível. No entanto, o que não é acentuado quando tocamos neste assunto é a comunicação dialogada sobre a vida sexual. Falar de erotismo é tão importante como manter relacionamentos íntimos.
É impactante ver casais que estão juntos por muitos anos nunca terem verbalizado ou se preocupado com o "cardápio" sexual, ou seja, quais são os gostos e preferências de cada um quando se trata de fazer amor.
A ausência desse diálogo tende a ser o núcleo de muitos problemas, de uma infinidade de entraves que frequentemente ferem a vida sexual do casal. Assim, o silêncio pode ser um cúmplice secreto de conflitos, divergências e incertezas que geraram rispidez, lutas e frequentemente acabam prejudicando as relações mais estáveis.
O fato de sentarem por alguns minutos face a face e verbalizarem mutuamente confissões de alguns detalhes do vínculo sexual podem resultar em benefícios inesperados para o casal.
Geralmente essas confissões são lentas, por imaginarem que o impacto que essas confissões podem causar um ao outro. Para essas situações é aconselhavel ir devagar, mas com a segurança de que esse espaço de diálogo trará uma maior conexão que irá muito além do que possam ser alcançada pelos corpos.
Observando de fora e, por vezes, considerando a quantidade de tempo que vivem juntos, essa situação pode ser descrita como ridícula, quando não de graciosa, para ambas as partes que por terem compartilhado muitos anos de convivência a dois, suponham que não tenham segredos nem confissões para compartilhar. Mas o que observamos não é bem assim.
Mas a nossa experiência clínica propiciada por anos de prática nos diz que experiênciá-las sempre proporciorá uma prática cheia de surpresas para ambos os parceiros que dialogam. Frequentemente desperta um mundo novo que juntos poderão explorar, para conhecerem muito mais e melhor.
Lembre-se que a mensagem de algo não dito, o que é silenciado ou escondidos seja por vergonha ou negligência, pode ser tão agressivo como uma palavra fora de tom.
Recordo-me de um diálogo, que é um triste exemplo da filosofia das relações de um casal. A cena é do filme The Misfits – Os Desajustados (1961) onde Roslyn Tabor (Marilyn Monroe) é uma mulher que chega a Reno, Nevada, para divorciar-se e ali conhece dois cowboys. Em dado momento vão à casa de um deles, Guido (protagonizado por Eli Wallach). Roslyn dança com ele e descobre que é um excelente bailarino:
Roslyn – Sua mulher não dançava?
Guido – Não como você, ela não tinha graça.
Roslyn – Por que não a ensinou a ter graça?
Guido – Isso é algo que não se aprende.
Roslyn – Como sabe? Ela morreu sem nunca saber que poderia dançar. De certa maneira vocês eram dois estranhos.
Guido – Não quero falar de minha mulher.
Roslyn – Não se zangue. O que estou querendo dizer é que, se a amava, devia tê-la ensinado. Porque todos, maridos e esposas, estamos morrendo a cada minuto e não estamos ensinando uns aos outros o que sabemos.
Podemos concluir que evitar essas situações, apelar para um diálogo sincero e respeitoso frequentemente tem sido o caminho mais seguro para alcançar a plenitude.