por Edson Toledo
Quem em algum momento da vida não teve problemas com a balança em tempos de farta oferta de carboidratos, açúcares e fast-foods?
A grande quantidade de estudos sugere que a preocupação em controlar o peso também é alta.
A primeira providência que tomamos para reduzir o peso é recorrer a dietas e exercícios. Porém, diversos estudos científicos podem mudar a dobradinha dieta/exercícios e sugerem que se o objetivo é reduzir calorias, também devemos prestar mais atenção na qualidade do sono.
Pesquisa realizada pela universidade britânica King's College London revisou dezenas de pequenos estudos sobre a relação entre uma boa noite de sono e o apetite. O estudo chegou à conclusão que, em geral, dormir menos de sete horas por noite leva as pessoas a comerem muito mais.
Um conhecido programa da BBC chamada "Trust me, I' m a doctor" ("Confia em mim, sou médico"), realizou um pequeno experimento com quatro pessoas para testar a teoria proposta pelo King’s College London.
O experimento mostrou que os voluntários (três deles) que tiveram o sono interrompido diversas vezes durante a noite, causados por um bebê de brinquedo pré-programado para chorar regularmente, comeram mais do que o habitual no café da manhã e/ou escolheram alimentos menos saudáveis. Em contrapartida, o quarto voluntário que dormiu bem, fez sua refeição como de costume.
Qual foi a explicação dada pelos pesquisadores? A explicação dada foi a de que uma noite de sono interrompido afeta dois hormônios-chave relacionados à fome.
Um deles gerou aumento do hormônio chamado grelina, que estimula determinados neurônios hipotalâmicos, provocando um aumento do apetite. O outro hormônio suprimido foi a leptina, que normalmente emite um sinal que informa ao hipotálamo que o corpo já tem reservas suficientes, ou seja, que estamos saciados, portanto o apetite deve ser inibido.
Somado a isso, alguns estudos também sugerem que, quando somos expostos à comida em um estado de privação do sono, há uma ativação maior em áreas do cérebro associadas com recompensa. Isso pode fazer com que escolhamos alimentos com mais teor de açúcar e gordura, ao invés de outras opções mais saudáveis. Todos esses fatores ajudam a explicar por que existe uma forte ligação entre dormir mal, aumento de peso e outros problemas de saúde, como diabetes tipo 2.
Portanto, a recomendação dos médicos do programa da BBC é que, se você tem problemas para manter o peso ou para resistir à tentação de alimentos menos saudáveis, considere aumentar suas horas de sono.
Outro experimento feito pela University of Colorado foi mais taxativo ao dizer que apenas um dia na semana dormindo de forma irregular já seria o suficiente para refletir no peso de um individuo. Após avaliarem o metabolismo individual dos participantes, estabeleceram uma dieta para todos, de acordo com o metabolismo de cada um. Assim, todos deveriam consumir uma quantidade ideal para que seu corpo pudesse assimilar a energia dos alimentos sem gerar grandes variações de peso. E o principal: todos dormiam a mesma quantidade de horas, com qualidade.
Vejamos as conclusões deste estudo, ao contrário da hipótese inicial, menos tempo de sono resultou aumento no ritmo do metabolismo. E as pessoas do grupo que dormiam menos gastavam até 111 calorias a mais por dia, no entanto por algum motivo, elas não perdiam peso.
A explicação dada pelos pesquisados para o grupo que dormiu menos foi a qualidade dos alimentos consumidos que mudavam. Ou seja, um sono ruim aumentava a vontade e o consumo de carboidratos (massas, pães, biscoitos). Além disso, os horários para comer também mudavam, ficando mais desregulados; tendo sido registrado um excesso de lanches durante todo o dia seguinte. No grupo que tinha um sono melhor, entretanto, aconteceu o inverso, ou seja, consumam até 6% menos calorias diárias, se comparadas ao grupo do sono ruim.
As pesquisas são crescentes na relação entre exercícios físicos, hábitos alimentares e o peso corporal e podemos agora incluir, dormir bem.
E como a sabedoria popular diz sobre a importância de “uma boa noite de sono”, não nos esqueçamos que essa pode ser uma forma fácil, barata e agradável de fazer a diferença quando cuidarmos da nossa saúde.