por Anette Lewin
"Como curtir o momento presente da paixão e não ter uma expectativa exagerada em relação ao outro, tendo como consequência ansiedade e estresse?"
Resposta: A paixão, embora seja uma emoção real, viva e intensificada pelas respostas da pessoa desejada, não deixa de ter seu lado fantasioso; porque se liga mais ao que se gostaria que o ser amado fosse do que ao que ele realmente é.
Assim como o roteiro de um filme é escrito para despertar as emoções que o diretor quer, a paixão provoca nos apaixonados as fantasias de seu roteiro pessoal. Há os que querem sofrer, há os que querem sonhar com beijos românticos em campos floridos e há os que imaginam uma noite de interminável sensualidade. Pois é, a paixão não é igual para todos. Talvez o lugar-comum seja a urgência do ser amado. Mas as fantasias que a acompanham variam…
Assim, para não deixar que a paixão se transforme num mar de expectativas frustradas, seus "roteiristas" devem entender que suas fantasias pessoais são apenas parte de uma historia a dois; que seus "roteiros" podem ser idealizados, mas não de uma forma fechada: tem que haver espaços vazios para que o "roteiro" do outro se encaixe!
Em que ponto a paixão cede lugar à frustração?
É claro que no começo de um relacionamento dar espaço à fantasia do outro é mais fácil. Tudo que o ser amado propõe parece lindo e excitante. Mas isso passa, não é? Aos poucos o desejo do outro começa a interferir nas fantasias pessoais e os encontros cor-de-rosa começam a apresentar nuvens acinzentadas ao seu redor. É esse, talvez, o momento mais frustrante da relação. Mas quem conseguir superá-lo certamente criará bases corretas para um relacionamento solido.
Como fazer isso, pergunta a(o) internauta?
Como curtir o momento presente da paixão sem ansiedade?
Dando a ela sua verdadeira dimensão. A paixão é um aspecto da vida. Um pedaço dela que tende a se transformar em outros sentimentos com relativa rapidez. A aceitação dessa transformação é essencial para evitar frustração e estresse. A paixão é como um filme a que se assiste. Tem começo, meio e fim. Quando o filme acaba ficam as impressões. De vez em quando o roteiro do autor bate com o nosso e o filme é maravilhoso. Outras vezes não entendemos o que o autor quis dizer e saímos frustrados. Há vezes em que gostamos tanto que queremos assistir novamente. E certamente quase sempre achamos algum defeito, algo que faríamos diferente. O que acontece sempre, sem exceção, é que o filme acaba. Assim é a paixão: pode ser vivida de várias maneiras, mas uma hora acaba. E a aceitação dessa brevidade é essencial para que a possibilidade de se apaixonar novamente permaneça intacta dentro da pessoa.
Afinal, paixões não se restringem ao acasalamento. Podemos nos apaixonar por uma causa, um trabalho, um grupo de pessoas, um curso interessante. E a sensação é tão intensa quanto a da paixão amorosa. Assim, reconhecer o fim de uma paixão e deixar que essa paixão se transforme, naturalmente, em outros sentimentos é o caminho para mantermos eternamente viva a capacidade de nos apaixonarmos.