por Nicole Witek
Passei dos 50 anos…
As dietas participaram em vários episódios da minha vida…
Não faço mais dietas há anos. Parece que meu peso se estabilizou, como por necessidade e prazer. Mas vejo perplexa as estatísticas sobre a obesidade mundial. Penso que justamente nessas culturas, onde as pessoas têm mais acesso às informações, é onde observamos mais propensão a doenças como: infarto, diabetes, problemas cardiovasculares, depressão, etc.
Pois é… com tantas informações, tantas dietas, tantos recursos… E nada muda? Até piora! Por que será? Por que nossa vontade não é suficiente? Mais atividade física, menos comida, ajudas terapêuticas diversas não resolvem.
O que faz com que esse quadro piore a cada ano? Não tenho uma resposta precisa, e fico me interrogando ainda mais quando leio o seguinte estudo do departamento de psicologia de Harvard nos Estados Unidos:
Duas pesquisadoras mediram a pressão arterial, a massa de gordura e a cintura de 84 funcionárias mulheres, com idade entre 18 e 55 anos, responsáveis pela limpeza de sete hotéis em Boston. Elas tinham os mesmos hábitos, comiam de forma exagerada, não mantinham atividade física regular e tinham barriga grande.
Mas as mulheres sabem que no trabalho de dona de casa são inúmeras as tarefas físicas: passar a vassoura ou o aspirador, limpar vidros e espelhos, agachar, esticar, subir na escada, trocar os lençóis.
A partir dessa grande descoberta, essas pesquisadoras chegaram à conclusão que essas funcionárias faziam sem se dar conta, muito mais que 30 minutos de exercícios moderados cotidianos recomendados pelas autoridades americanas.
Nossas duas pesquisadoras dividiram as 84 funcionarias responsáveis pela limpeza de 15 quartos, em dois grupos. Deixaram um grupo continuar suas tarefas normalmente como sempre fizeram e a outra metade recebeu mais informações quanto à atividade física praticada durante as horas de trabalho, tais como: você sabia que passar o aspirador durante 15 minutos requer 50 calorias? Limpar o banheiro durante 15 minutos: 60 calorias, trocar os lençóis: quarenta calorias?
Quatro semanas mais tarde, sem ter mudado nada em sua rotina profissional, nem em sua alimentação, o grupo nº.2 de mulheres que sabia dos gastos calóricos gerados pela sua atividade profissional tinha emagrecido em torno de 800 gramas cada uma, reduzido massa muscular, cintura e ainda reduzido a pressão arterial.
O resultado dessa pesquisa deixaria qualquer laboratório farmacêutico com inveja.
Você entende? Bastou informar essas mulheres, apontar para elas o que estava acontecendo durante as atividades profissionais, fazer com elas sentissem o corpo delas em ação e se “conscientizassem” para que a biologia se adaptasse.
Esse tipo de conclusão explode todos os “pensamentos habituais”, pulveriza a tendência de que o formato da silhueta depende da vontade. Existe uma parte relacionada à genética, aos hábitos alimentares, ao psicológico, mas uma grande parte é resultado da confiança e da consciência que cada um de nós tem nos processos biológicos por detrás de nossa mente.
Fazer com que o consciente se interesse pelos mecanismos inconscientes é objetivo do yoga também. Isso se aplica ao trivial corpo físico, mas sem ele, não existe nem evolução e nem nirvana para ser atingido. Não existe yoga trivial e yoga espiritual.
Tudo está interligado no ser humano. Cada parte do corpo físico representa uma parte do corpo psicológico. Atuar no corpo é agir no psicológico. Libertar o corpo dos bloqueios, dar para cada parte do corpo uma atenção especial, colocar “consciência” nos processos fisiológicos é despertar o potencial de saúde que o corpo guarda consigo.
Esse estudo é importantíssimo, pois explica uma das grandes alavancas que fazem com que o yoga funcione. Habitar seu corpo é o primeiro passo do yoga.
Fonte: “Mind-set Matters exercise and the Placebo effect” de A. Crum & E.J.Langer – psicological science fevereiro 2007. Cronica de David Servan Schreiber no.271 « quand la conscience change le corps»