Efeito Mozart é eficaz no controle de crises epiléticas?

por Ricardo Arida

Um artigo publicado numa revista internacional, Epilepsy and Behavior, pelos pesquisadores Lahiri e Duncan em 2007 (1) mostrou que a Música de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) poderia ter um efeito terapêutico na epilepsia. Um homem de 56 anos com epilepsia que começou a ouvir Mozart regularmente apresentou uma melhora no controle de suas crises epilépticas.

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Efeito Mozart

Pesquisadores brasileiros da Universidade Federal de São Paulo também publicaram um artigo na mesma revista associando o efeito Mozart na epilepsia (2). O efeito Mozart refere-se a um aumento do rendimento ou uma alteração da atividade neurofisiológica associada a ouvir sua música.

Este recente trabalho confirma os estudos anteriores que mostraram um efeito benéfico da musica de Mozart na epilepsia (3,4). Ainda, esse efeito tem sido mostrado não somente no sistema nervoso, mas também sobre o sistema cardiovascular.

O efeito relaxante da música de Mozart resultou na redução da freqüência cardíaca em 23 indivíduos saudáveis (5). Ainda não está claro quais são os efeitos que a música provoca. Os estímulos provocados pela complexa e refinada música de Mozart, sobretudo a sonata K448, teriam portanto um impacto benéfico no cérebro.

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Um estudo mostrou que a atividade epileptoforme, isto é, as alterações eletrencefalográficas diminuíram com a música de Mozart. Foi sugerido que a música com alto grau de periodicidade e por longo tempo, tanto a música de Mozart, quanto alguns outros compositores como Bach (1685-1750), diminuíram a atividade das crises e possibilitaram melhora do desempenho em tarefas espaço-temporal. Esse efeito, portanto, não é exclusivo para a música de Mozart, segundo alguns autores.

Original

O original "efeito Mozart", em 1993 (6) avaliou raciocínio de voluntários depois de ouvir a sonata K448. Os resultados mostraram que apenas ouvir 10 minutos (num único dia) da música de Mozart melhora o desempenho espacial e temporal e o desempenho de tarefas que requeiram alguma habilidade motora, tais como corte e dobra de papel.

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Estudos posteriores mostraram que ratos que ouviam a sonata K448 apresentavam um rendimento melhor em teste de memória espacial do que ratos que estavam em ambiente sem música. Neste sentido, alguns pesquisadores acham interessante propor a música de Mozart como terapia complementar no tratamento da epilepsia. Mais estudos são necessários, envolvendo uma exposição dos pacientes por períodos longos de música antes que esse efeito seja totalmente confirmado.

1- Lahiri N, Duncan JS. The Mozart effect: Encore. Epilepsy Behav 2007; 11:152-3.
2 -Scorza FA, Arida RM, de Albuquerque M, Cavalheiro EA. The role of Mozart's music in sudden unexpected death in epilepsy: a new open window of a dark room. Epilepsy Behav. 2008; 12(1):208-9.
3- Hughes JR, Daaboul Y, Fino JJ, et at. The "Mozart effect" on epileptiform activity. Clin Electroencephalogr 1998; 29:109-19.
4- Hughes JR, Fino JJ, Melyn MA. Is there a chronic change of the "Mozart effect" on epileptiform activity? A case study. Clin Electroencephalogr 1999; 30:44-5.
5- Escher J, Evéquoz D. Music and heart rate variability. Study of the effect of music on heart rate variability in healthy adolescents. Schweiz Rundsch Med Prax 1999; 88: 951-2.
6- Rauscher FH, Shaw GL, Ky KN. Music and spatial task performance. Nature 1993;365: 611.