por Sandra Vasques
Um dia você se dá conta que há um bom tempo não tem vontade de fazer sexo e não sentiu falta…
Seu par começa a reclamar, com frequência, de sua indiferença às tentativas de começar uma transa…
Você vive inventando desculpas, ou indo dormir mais cedo ou mais tarde que seu par para evitar um encontro mais quente…
Essas e outras situações indicam que algo mudou em relação ao desejo sexual.
Se o sexo era parte importante em seu dia a dia e deixou de ser, mesmo que seja por curiosidade, recomendo que pense comigo a resposta para esta pergunta:
Em que lugar você tem colocado o sexo na sua vida?
Temos vários papéis que desempenhamos e que vão mudando no decorrer da vida. Quando adolescentes, estudamos, às vezes trabalhamos, temos o grupo de amigos, namoramos… Neste momento, é comum o sexo surgir com intensidade, ocupando o pensamento e fazendo com que se busque vivenciá-lo ativamente. O corpo, com seus hormônios, está a todo vapor, as responsabilidades não são tantas e isso facilita.
Quando nos tornamos adultos, as responsabilidades aumentam e novos papéis, como os de universitários, mãe, pai, profissionais, vão ocupando espaço, nosso tempo e energia. O sexo tem que se espremer no meio de tantas ocupações – sobra menos tempo pra pensar e pra fazer. E quando a idade avança, o tempo pode até estar sobrando, mas surgem novos desafios. Além do preconceito sobre o sexo na terceira idade, o corpo começa a viver grandes mudanças. Homens e mulheres, de maneiras diferentes, tem que conviver com as novidades desta nova etapa. Uma delas é reconhecer as novas formas do desejo e de fazer o sexo acontecer de um jeito gostoso e gratificante. Mas, se durante as fases anteriores esse papel não foi valorizado, esse desafio fica mais difícil de conquistar.
Daí um belo dia, a gente se pega com o sexo no final da lista de coisas importantes a se fazer. Com o passar do tempo algo aconteceu que foi mudando o seu lugar dentro de nossa vida.
Pensamentos, valores, medos, inseguranças, preconceitos, que nem temos muita clareza que moram dentro de nós, governam nosso comportamento. E mais, no decorrer do tempo e no curso dos acontecimentos, eles também vão mudando o jeito de se manifestar. E interferem para fazer com o que antes era importante, vá deixando de ser. Vamos ver alguns exemplos a seguir.
Parece que sexo…
– É importante para quem dá mais valor à aparência, às coisas fúteis do que às qualidades interiores das pessoas…
– Não combina com ser boa mãe e esposa…
– Deixa de ter a mesma graça, depois que a parceira tem filhos…
– É coisa de gente jovem… Conforme a idade avança, é esperado que se esqueça que isso existe…
– Toma um tempo precioso, que tem que ser usado para descansar, ou relaxar, ou qualquer outra coisa mais importante…
– Dá trabalho demais! Provoca tensão! Conversar sobre o que é mais gostoso, criar um clima favorável, prestar atenção nos desejos do par, negociar a frequência dos encontros amorosos…
Ao se dar conta desses pensamentos que vão boicotando o espaço que damos ao sexo em nossa vida, é preciso agir para mudar se assim julgarmos melhor. Parar de arrumar desculpas, que nem você acredita…
Agir para mudar
– Primeiro tomar pé do que vai por dentro de nós e rever nosso jeito de encarar os fatos. Depois envolver nosso par.
– Conversar, com sinceridade e honestidade, sobre os próprios desejos e necessidades, mas aberto e atento para escutar os do outro, para que juntos encontrem uma alternativa satisfatória;
– Dar espaço para a vida a dois, além da vida a três, a quatro… que a família exige.
– Entrar em contato com as inseguranças, causadas pelas mudanças do corpo – sejam elas causadas pela gravidez, mudança de peso, envelhecimento, uma doença – e ver o que quer e pode fazer pra se sentir melhor, que apoio precisa e abrir uma conversa franca com o par. Como isso afeta o relacionamento, como podemos enfrentar isso juntos e nos reaproximar?
– Resolver mágoas e problemas antigos que criam barreiras para o tesão fluir.
– Investir tempo, energia, criatividade para promover um sexo mais estimulante, gostoso, interessante. O sexo com quem nunca transamos antes, traz o estímulo do novo.
O sexo com alguém que já faz parte da vida, para ser novidade, estimulante, tem que se renovar. Sim! É possível. Que tal, um curso de dança de casal, ou algo mais apimentado, como de streap-tease… Coloque a fantasia pra funcionar!
Também podemos descobrir que o sexo não faz mais parte do que é importante pra nós, ou no relacionamento. E, talvez, nunca tenha feito… Se assim for, e isso não traz desconforto pessoal, então que assim seja! Se há um par envolvido, e que não percebe da mesma maneira, será preciso uma conversa franca, uma negociação, um acordo. Afinal, é uma decisão pessoal, que não deve impedir o outro de viver uma relação à dois e o sexo, da maneira que acredita ser melhor para sua vida.
Enfim, se acreditamos que o sexo e o relacionamento valem a pena, é preciso coragem e ação para descobrir, individualmente e juntos, estratégias para aproveitar melhor o momento e superar os desafios para a boa vida sexual.
Vamos agora tirar o sexo das últimas fileiras ou, pra começar, recolocá-lo na lista…