por Renato Miranda
Na véspera da competição de futebol profissional mais importante antes da Copa do Mundo, a Copa das Confederações, novos e antigos debates sobre competição voltam ao cenário entre especialistas e amantes do esporte.
De conversas informais, passando por workshops, programas de televisão, aulas em universidades e variados eventos, a competição esportiva anima calorosas discussões.
Em textos anteriores escrevi que muito embora nas competições, principalmente àquelas de alto rendimento, as tensões, preocupações, disputas árduas e outras experiências de alto impacto psicológico, estejam presente, as disputas esportivas existem para preencher uma lacuna de possibilidades de lazer em nossas vidas, para fazer bem às pessoas e tornar o mundo um pouco mais alegre. Assim como diversas áreas, como as artes plásticas, cinema, teatro, fotografia, música e outros.
Quando falamos especialmente de alto desempenho há uma ambiguidade entre divertimento, alegria e tensões e frustrações advindos de uma mesma experiência – a competição esportiva. Isso se deve pelo fato de que na competição esportiva de alto nível um detalhe, um gesto técnico, uma circunstância qualquer, podem definir a tênue linha entre sucesso e fracasso, glória e frustração.
Especialmente no futebol, cuja modalidade mobiliza a maior parte de torcedores pelo mundo e por ter competições tradicionais e ao mesmo de curta duração e por isso, quase a totalidade dos jogos é eliminatória, as tensões pelo medo do fracasso acompanha cada atleta principalmente os das grandes seleções.
O exemplo típico no futebol da dita linha tênue entre sucesso e fracasso são as disputas eliminatórias a partir das oitavas de final e a decisão que consagra uma seleção como campeã.
Vejamos o caso dos grandes atletas que perderam uma cobrança de pênalti decisivo, e por isso, sua equipe perdeu. Para esse atleta, a lembrança desse eventual fracasso será para sempre. Sua redenção perante os torcedores só será possível se o mesmo for o responsável por uma conquista futura do mesmo peso. Da mesma maneira aquele que for responsável por um gol que deu o título para sua seleção será eternamente reconhecido.
Portanto, o óbvio dessas reações se resume no resultado da competição – em destaque a final de uma Copa do Mundo de futebol – por exemplo, em uma decisão, se o atleta perder um pênalti, mas se por acaso sua equipe sair vencedora, dificilmente seu erro terá muita repercussão, apesar do mesmo, pessoalmente, sentir certa frustração.
Por outro lado, se um jogador na partida final não atuar bem, mas em um lance fortuito, por uma circunstância qualquer, for o autor do gol decisivo, será coberto de glória.
Desse modo os atletas de futebol que participam de copa de mundo (que é nosso exemplo) podem ser preparados mentalmente para superar obstáculos psicológicos representados especialmente pelas tensões, preocupações e medo de falhar.
Do mesmo modo, os atletas poderiam ser motivados a melhorarem disciplinadamente seus desempenhos físicos, técnicos e táticos, para um nível que lhes trouxessem confiança, controle da concentração, harmonia entre tensão e relaxamento e consciência que terá de ter força psicológica suficiente para usufruir com maturidade do sucesso ou para enfrentar o fracasso.
Por fim, não podemos deixar de refletir que o desafio de enfrentar a linha tênue da vitória ou da derrota é que projeta o esporte de alto nível como algo emocionante, atraente e desafiador para aqueles que escolheram colocar a toda prova suas habilidades físicas e psicológicas. E á aí que reside a paixão pelo futebol e o esporte de um modo geral.