Por Oscar D’Ambrosio
Respondendo à pergunta da chamada acima: aparentemente sim, mas os preconceitos que afastam as atividades ditas intelectuais das consideradas apenas físicas podem indicar o contrário. É o que ocorre no filme ‘Encontrando Forrester’, de Gus Van Sant, em que Sean Connery e Rob Brown travam um belo duelo de desconfiança e amizade.
O veterano ator encarna um escritor escocês que há 40 anos ganhou o prestigiado prêmio Pulitzer com um romance, único que escreveu. Sem família, vive recluso num velho apartamento no Bronx. Parece ter desistido de tudo nessa jornada de autodestruição e solidão.
Tudo muda quando conhece um adolescente de 16 anos que revela um talento excepcional para o basquetebol e vive praticando perto de sua casa. Motivado pelos colegas, o garoto vence uma aposta com os colegas para entrar no apartamento daquele ‘velho esquisito’.
O fascinante é que o jovem também revela aptidão para a literatura e recebe uma bolsa de uma célebre escola de Manhattan. Mas essa entrada no universo intelectual tende a afastá-lo dos amigos do Bronx. Como lidar om essa ambiguidade? O encontro com o escritor será um caminho para isso.
O filme aponta para o difícil diálogo entre gerações e entre atividades consideradas diferentes. O escritor reaprende, no processo das conversas, a acreditar novamente nas pessoas e o atleta/escritor a conseguir fazer as próprias escolhas sem ferir a si mesmo e/ou aos amigos. Assim um caminhar difícil, mas mais suave e menos doloroso, é delineado para ambos.
Fonte: Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.