por Ana Cristina Mendes

A macrobiótica é um sistema alimentar fundamentado na filosofia chinesa do Yin e do Yang, que são duas qualidades que se equilibram mutuamente e que existem em cada objeto, em cada ser e em cada ciclo natural. Baseia-se no consumo de cereais integrais, legumes e frutas frescas. A origem da palavra é grega (macros = grande e bios = vida) e significa "grande vida" ou "vida longa". Esse tipo de alimentação teve origem nas antigas artes curativas dos povos do Oriente e era utilizada pelos mestres e sábios com o propósito de manter a saúde e o equilíbrio – a base para a ascensão da consciência.

A macrobiótica difundiu-se por todo o mundo através do japonês Georges Ohsawa que foi o principal codificador dos antigos métodos alimentares na filosofia do Yin/Yang. Com mais de 100 livros publicados, ele chamou a atenção do mundo inteiro para os riscos da alimentação moderna, principalmente para os efeitos danosos do álcool, açúcar branco, aditivos químicos, agrotóxicos, carnes… ensinando o retorno à simplicidade na alimentação, à seleção de alimentos segundo as leis naturais como base para o equilíbrio do homem.

De acordo com Ohsawa, uma alimentação ideal é aquela baseada na ingestão de alimentos equilibrados segundo os seus componentes Yin ou Yang. Há elementos Yin e Yang em tudo, incluindo as pessoas e os alimentos e a macrobiótica é uma filosofia destinada a equilibrá-los, a fim de promover a boa saúde. As qualidades do Yin, por exemplo, incluem calma, paz , criatividade, sociabilidade e uma atitude e comportamento relaxados. As qualidades do Yang abrangem estado de alerta, atividade, energia e precisão. Muitos possuem ambas as qualidades. Porém, quando algumas tornam-se mais fortes e marcantes do que outras, pode ocorrer um estado de desequilíbrio resultando em doença. Um excesso de Yin pode levar à depressão, fadiga e problemas com o sono; muito Yang pode provocar tensão, irritabilidade, hiperatividade e também insônia.

Alimentação segundo o Yin/Yang

Para a macrobiótica, os alimentos ideais são aqueles classificados como menos desequilibrados. Ou seja, os que possuem pouca carga Yin ou Yang, como o arroz integral, as leguminosas, as frutas alcalinas pequenas, os grãos em geral. Assim, por exemplo, o açúcar branco (com muita carga Yin, como o álcool, comidas enlatadas, bebidas adocicadas) é capaz de provocar desequilíbrios, gerando doenças de caráter Yin como o câncer, por exemplo. Por outro lado, produtos extremamente Yang, como a carne bovina, o sal e os conservantes, são capazes de gerar doenças de caráter Yang como o reumatismo, a artrite, a ansiedade, a arteriosclerose…

De acordo com certas características de um alimento, como tamanho, cor, sabor e outras, pode-se classificá-lo como mais Yin ou menos Yang (ou mais Yang e menos Yin), pois não existe nenhum elemento no Universo que seja absolutamente Yin ou Yang, pois tudo contém dois pólos de energia.

Assim sendo, produtos como a maçã e a melancia, por exemplo, que são as frutas consideradas mais próximas do equilíbrio, são diferentes entre si: a primeira é classificada como mais Yang (ou menos Yin) que a segunda, por ser menor e conter menos água (elemento Yin). De qualquer forma, as frutas quando comparadas aos cereais são mais Yin (ou menos Yang) em seu conjunto, assim como as carnes em seu conjunto são mais Yang (ou menos Yin) que os cereais ou frutas.

A dieta macrobiótica

A dieta macrobiótica, de um modo geral, assemelha-se à do camponês japonês tradicional, consistindo de:

· 50% de cereais integrais, massas, pão, papa de aveia, arroz integral
· 25% de vegetais locais da estação, cozidos de formas variadas (refogados, fervidos, crus, cozidos a vapor, em picles, etc)
· 10% de proteínas, extraídas de peixe e produtos derivados de feijão e soja, como o tofu.
· 5% de vegetais marinhos (algas), utilizados em sopas e ensopados
· 5% de sopas, incluindo missô (pasta de soja ou feijão fermentada), sopa de peixe, sopa de feijão e de vegetais, dentre outras.
· 5% de sobremesas e chás, incluindo chá simples e café e sobremesas, como frutas, arroz fermentado (amaskae), agar-ágar (algas marinhas), sementes e nozes.

Os alimentos excluídos da dieta macrobiótica incluem açúcar, especiarias e álcool (demasiado Yin) e a carne, ovos e os queijos (excessivamente Yang). Segundo a filosofia macrobiótica, acredita-se que estes alimentos são fortes demais para o consumo humano, desequilibrando o organismo e provocando doenças.

Alimentos mais bem equilibrados contendo Yin ou Yang

· Yin: Frutas, folhas verdes, nozes, sementes, tofu, sucos de frutas e vegetais, compotas (sem açúcar refinado), malte de cevada.
· Yang: cereais integrais: arroz integral, pão, farinha e aveia integrais, raízes vegetais: batatas, nabos; peixe, crustáceos, repolho, requeijão, feijões, ervilhas, lentilhas, gersal (sal marinho + gergelim) e molho de soja (shoyu)

Existem outros alimentos que constituem a base da alimentação macrobiótica dentre os quais destacam-se: abóbora-moranga, algas marinhas, Ban-chá, ameixa salgada (umeboshi), bardana, feijão azuki,gengibre, óleo de gergelim, trigo integral, missô, sal marinho, etc.

Quais os benefícios?

A macrobiótica, quando feita de forma disciplinada, bem orientada ajuda a fortalecer o sistema imunológico e permite proteger o organismo de diversas doenças mantendo uma boa saúde. É também eficaz para evitar ou reduzir problemas digestivos, obesidade, fadiga, concentração deficiente, falta de mobilidade física ou de vigor. Alguns terapeutas têm obtido sucesso no tratamento de artrites e de algumas formas de câncer.

É segura? Existem riscos?

Nas décadas de 70 e 80, surgiu a prática de uma versão perigosa da macrobiótica, que sugeria a ingestão quase que exclusiva de arroz integral e alguns poucos alimentos. Muitas pessoas desenvolveram uma grave desnutrição que imediatamente repercutiu negativamente sobre a filosofia macrobiótica. Desde então, as dietas foram modificadas para refletir o pensamento atual de nutrição equilibrada. Sob a supervisão de um especialista, a macrobiótica é normalmente segura. É necessário que o profissional, seja ele um nutricionista ou um médico especializado nesta área, esteja disposto a modificar a dieta de modo a adequá-la às necessidades individuais de cada cliente.