por Roberto Goldkorn
Minha mulher num surto de memória lembrou-se que quando era pequena, sua mãe benzia as pessoas.
Fiquei curioso e pedi que me contasse mais. Ela lembrou que a sua casa vivia cheia de gente, que na maioria das vezes trazia crianças para serem benzidas. Mais curioso, ainda perguntei como ela benzia.
“Acho que era assim. Com um pedaço de pano na mão, agulha e linha ela repetia:
“O que eu costuro?
Carne quebrada
Osso rendido
Veia magoada
Nervo encavalado
Assim mesmo eu costuro”
E ia costurando o paninho.
Quando terminava entregava o “patuá” para as mulheres colocarem dentro do sutiã e os homens no bolso da calça. Ela pedia para as pessoas voltarem pelo menos mais duas vezes. Muitos não voltavam porque o “problema” se resolvia (mesma coisa que faremos com os remédios que era para tomar durante 1 mês, mas como não temos mais sintomas paramos depois da primeira semana).
Ela lembrava que sua mãe encontrava frequentemente com seus “pacientes” na rua (cidade pequena) e eles confirmavam que o problema tinha sido solucionado. E que problemas eram esses? Perguntei já sabendo onde colocaria aquelas informações.
“Criança que não dormia durante a noite, talvez devido a “quebrante” (mau olhado, olho gordo, etc.), “Mau jeito”, dores crônicas em geral.”
Como lembrança puxa lembrança, lembrei da história que o pai de uma antiga namorada me contou. Ele era médico e absolutamente cético. Nunca discutíamos porque ela achava as minhas crenças no imponderável totalmente risíveis. E eu não me arriscava a contrariar meu sogrinho.
Mas, um belo domingo à beira de sua piscina, talvez mais soltinho por causa do uísque, ele me contou que tinha uma vaca que vivia com as tetas em feridas e cheias de mosca, o bezerro não conseguia mamar e definhava.
Um peão de sua fazenda lhe sugeriu procurar os serviços do Neco Benzedor. Como o veterinário não dava jeito recorreu ao Neco até porque o Benzedor se recusava a receber dinheiro por seus serviços e isso o encorajou. Ele assistiu desconfiado ao ritual do benzimento, e me relatou sem conseguir explicar o que veio a suceder:
“As moscas ficavam rodeando as tetas da vaca sem conseguir pousar, ela se recuperou e o bezerro voltou a mamar”. Lembro que ele arregalou os olhos e me confidenciou: “Parecia que o tal do Neco havia colocado um campo de força em volta das tetas dela como aqueles escudos das naves espaciais dos filmes de ficção científica”
Os céticos saberão desqualificar esses depoimentos, e certamente irão ao extremo de afirmar que são frutos de minha imaginação. Ou seja, que estou mentindo descaradamente ou fui vítima inocente de mentiras por parte de todos os personagens envolvidos, com exceção da vaca é claro.
Eu, que tenho uma mente verdadeiramente científica, quero saber o que pode estar por trás do fenômeno que de tão universal e tão fartamente documentado não precisa de mais negação primitiva.
Descobri que em vários lugares do mundo, existem pequenos grupos de cientistas – com mente verdadeiramente científica, se debruçando sobre esses enigmas. Andam devagar essas pesquisas? Claro. Não creio que algum grande laboratório farmacêutico destine bilhões de dólares para pesquisas sobre energia humana curativa.
Mas algumas possibilidades promissoras, ainda que meramente especulativa apontam no horizonte. O Boson de Higgs (partícula elementar), recentemente verificado num experimento que pode mudar a forma como vemos o mundo e a nós mesmos, pode ser uma esperança. Essa particula assim como as células-tronco (que podem se especializar em outras espécies de células) pode criar e modificar campos energéticos transmutando outras partículas e criando o que antes não existia, numa explicação terrivelmente simplista.
Talvez a mente humana aparelhada de alguns e treinada de todos possa emitir campos de partículas do tipo Boson de Higgs que irão de forma “inteligente” desestabilizar os “campos mórbidos” ou seja a “doença”.
Há muitos anos li sobre um experimento feito numa universidade americana em que uma famosa curadora psíquica “irradiava” sua energia e aniquilava uma colônia de células de câncer pélvico chamadas de Hel La.
Porém, mais espantoso que o resultado dessa experiência foi a sua não publicidade. Isso ficou restrito a pequenos círculos de estudiosos, quase que uma tribo isolada. Eles talvez tenham evitado dar publicidade a esses resultados por temerem a “excomunhão” científica, a fogueira inquisitorial da comunidade dita científica. Pena que eles não compreenderam que não precisavam ficar apoiados apenas na fragilidade de uma curadora profissional. Se eles tivessem entendido que esse “dom” da curadora podia ser ensinado e desenvolvido, quem sabe se sentissem mais fortes para ir em frente?
Felizmente tenho convicção de poder dizer que vejo a luz no fim do túnel. E essa luz vem, mesmo que a contragosto, da própria ciência. Isso é inevitável, não há como deter esse evento. Por vias tortuosas (como deve ser ) os maiores avanços da pesquisa científica irão trazer explicações para o que, por pura ignorância, é descartado como algo fantasioso e indigno de frequentar os salões acadêmicos.
Não sei se viverei para ver no currículo das Universidades de Medicina a cadeira Medicinas do Ar, com aula inaugural da minha sogra ou do Neco Benzedor, mas esse dia chegará, tão certo como o Boson de Higgs chegou.