por Saulo Fong
“A paixão está relacionada à idealização do outro. Projetamos e imaginamos no outro aquilo que desejamos para nós mesmos” Há três sentimentos predominantes em qualquer relacionamento afetivo.
Geralmente, a primeira sensação a se manifestar é o tesão que está relacionado ao estímulo sexual e aos *feromônios. Pode ocorrer em qualquer momento e com qualquer pessoa, inclusive com aquelas que não estão mantendo um relacionamento afetivo, assim como pode ocorrer também na fase da paixão ou do amor.
É a partir do tesão que pode se manifestar a paixão. Ela acontece logo que conhecemos ou começamos a nos relacionar com uma pessoa. A paixão está relacionada à idealização do outro. Projetamos e imaginamos no outro aquilo que desejamos para nós mesmos. Nossa atenção fica totalmente focada apenas nas partes que nos atraem. Podemos nos apaixonar pelos atributos físicos ou psicológicos da pessoa, que estão relacionados muito mais com nossos próprios gostos e estereótipos do que com a outra pessoa em si.
É na fase da paixão que pode ocorrer uma imensa dor, caso a mesma não seja correspondida, ou uma imensa sensação de euforia caso ela seja consumada. A paixão é passageira e permanece pelo tempo que durar a ilusão e a idealização do outro.
Com a convivência, a abertura, a exposição de cada um do jeito que é, e o fim dos jogos de conquista e sedução, ocorre a desilusão. Nesse estágio, não há mais projeções ou idealizações e cada um tem mais liberdade para ser quem realmente é. Nessa fase pode acontecer um grande incômodo em um ou em ambos os parceiros, pois cada um começa a perceber o outro do jeito que é: um ser humano dinâmico com suas próprias particularidades. Pode haver uma rejeição de alguma parte do outro que está muito mais relacionada à própria pessoa do que com o(a) parceiro(a) em si. É nessa fase que o amor pode começar a se desenvolver.
Por exemplo, um dos parceiros pode sentir-se incomodado quando o outro tem atitudes que ele julga erradas ou que precisam ser mudadas. Há pessoas que gostam de dormir até mais tarde, e um dos parceiros pode julgar isso como preguiça. Se o parceiro olhar para si próprio e para os próprios desconfortos, ao invés de julgar o outro, poderá desenvolver a habilidade de aceitar o outro do jeito que é. Não é a rejeição que faz o amor se desenvolver, mas sim a transcendência da rejeição. É a aceitação do outro que faz o amor se desenvolver. O que acontece é que muitas pessoas não percebem que a rejeição já está presente inconscientemente. Primeiro é preciso percebê-la, para depois transcendê-la.
O sentir-se bem na companhia do outro e, ao mesmo tempo, dar liberdade e desejar o bem-estar do outro seja com quem e onde estiver, fazem parte desse sentimento de amor. É um sentimento baseado na cumplicidade, na liberdade, no afeto, na aceitação e que dura toda uma vida, trazendo uma sensação de plenitude para quem o compartilha e para quem o recebe. Assim, não se vê mais o outro como um simples objeto de conquista ou posse, mas sim como um ser humano que está trilhando o seu próprio caminho de vida.
* Substância biologicamente muito ativa, secretada esp. por insetos e mamíferos, com funções de atração sexual, demarcação de trilhas ou comunicação entre indivíduos; ferormônio.
Fonte Dicionário Houaiss