Querer e o desejar são sentimentos diferentes e se relacionam com a cobiça, e esta, se relaciona com o que lhe falta e carece
O mundo é mais do que os cinco sentidos podem nos mostrar. Apesar dos olhos guardarem relação íntima com a inveja, o veículo da cobiça não se relaciona a um dos cinco sentidos. Esse veículo se encontra em uma parte superior de nosso ser.
Se concordarmos que, enquanto humanos, exercitamos continuamente um pensar, um sentir e um querer, localizaremos a cobiça na região do sentir. Os cinco sentidos permitem sentir no mundo físico. Ocorre, entretanto outra qualidade de sentir que surge a partir de região diversa de nosso ser.
Como a simpatia nos torna reféns
Esse outro tipo de “tato” diz respeito aos nossos padrões de simpatia, antipatia ou indiferença. Somos eventuais reféns de nossas simpatias. Ser simpático a algo torna a pessoa suscetível a estabelecer uma relação de maior intimidade com esse algo. A simpatia é uma forma de interesse. Uma pessoa simpática a doces pode ter alguma dificuldade no controle do peso ou ainda, se diabética, ter dificuldade no controle da glicemia. Essa simpatia descontrolada pode se referir às mais diversas questões, desde natureza material até de natureza emocional, permeando inclusive a esfera da sexualidade.
É importante reforçar que querer e desejar não são sinônimos! Querer é exercício de vontade e desejar uma decorrência do sentir desequilibrado. A vontade é algo que nasce dentro do ser e impulsiona para a ação; o desejo é algo que nos estimula a partir de fora e, portanto, pode nos confundir. A pessoa se interessa por algo que tem simpatia e pode até deixar sua vontade de lado para se entregar ao desejo.
Esse esquecimento da vontade (querer interior) em favor do desejo, é a cobiça. A pessoa se torna possuída pelo desejo, esquece-se de fazer o necessário em favor do acessório. A cobiça é o diagnóstico da pobreza interior (aquilo que falta, aquilo que careço), a marca dos que são possuídos por aquilo que não possuem. E isso é apenas uma constatação, sem julgamento moral.
O desejo saudável pode temperar a vontade, mas não demais ao ponto de obscurecê-la. Toda escolha é uma escola.