por Roberto Santos
"Como devemos lidar com a pergunta que nos fazem nas entrevistas de emprego, bem como nos formulários para vaga de emprego: Quanto pretende ganhar? Qual o salário pretendido?"
Resposta: A pergunta sobre o salário pretendido talvez seja a mais fatídica para entrevistadores e entrevistados, porque feita no momento inadequado, no mínimo é inútil, mas pode prejudicar ambos os lados. Primeiro porque salário deixou de ser a única forma de remuneração.
Por exemplo, os benefícios como plano médico e odontológico, restaurante no local de trabalho ou auxílio refeição, ônibus fretado e outros podem representar cerca de 30% do salário-base e o melhor, sem desconto de imposto de renda.
Conseguir o salário pretendido pode não ser o melhor negócio
Outro elemento da remuneração total é a participação nos resultados, na forma de bonificação anual ou semestral, que em anos de bons resultados pode chegar a um décimo quarto salário ou até mais, que podem significar entre 10 e 20% do salário de admissão se traduzidos em bases mensais. Além de considerarmos estes elementos da remuneração total, devemos levar em consideração aspectos importantes de recursos humanos, como por exemplo, a política de avaliação de desempenho e de mérito — como o salário pode ser incrementado baseado no desempenho. Assim, conseguirmos o salário pretendido, que depois ficará congelado pelos próximos cinco anos, não parece ser o melhor negócio do mundo.
Pesquisas comprovam: pessoas não deixam as empresas, mas os chefes
Outras condições como a segurança no trabalho podem ser igualmente importantes para a satisfação e sobrevivência no novo emprego. Finalmente, mas talvez mais importante de todas condições, o chefe com quem vamos trabalhar pode fazer todas a diferença entre o céu e o inferno no ambiente de trabalho. Talvez por isso que pesquisas já comprovaram que as pessoas não deixam as empresas, elas deixam os chefes. Todos estes elementos são, sem dúvida, mais importantes do que o simples salário pretendido.
Mas qual é o ponto de partida para definir o salário pretendido?
O ponto de partida a ser considerado é o último salário, somado ao pacote de benefícios, bonificação e demais condições de trabalho — isto é um fato. A partir deste fato, depois da entrevista sobre os requisitos da vaga e qualificações do entrevistado, ambas as partes podem então definir qual a remuneração que será atrativa ao candidato e alinhada à política da empresa.
Para uma resposta direta à sua pergunta, sugiro o tradicional e insubstituível, A/C ou A Combinar. Não conheço selecionador de respeito que deixaria de considerar um bom candidato para uma entrevista por não conter um valor para aquela pergunta.
Numa entrevista, eu devolveria esta pergunta com outras ao entrevistador: qual é o pacote de benefícios, a remuneração variável, a política de mérito, etc? Dependendo da combinação destes elementos poderemos falar em uma pretensão salarial mais abalizada e coerente da qual não nos arrependeremos um mês depois da admissão.
Boa sorte com suas pretensões!