por Elisandra Vilella G. Sé
O conceito de envelhecimento bem-sucedido defini-se pela manutenção da autonomia, independência, e envolvimento ativo coma vida pessoal, com os familiares, com as relações de amizades, com o lazer, com vida social, e atividade física.
Esse conceito passou a ser discutido a partir de 1987 pelos gerontólogos Rowe e Kahan na revista Science, modificando o ponto de vista que valorizava as perdas associadas ao envelhecimento.
Dentre os inúmeros fatores relacionados a um possível envelhecimento bem-sucedido, está a importância dos aspectos psíquicos associados a esse envelhecimento saudável, ou às estratégias preventivas que pudessem ser adotadas para evitar sintomas ou doenças psíquicas que colaborassem para um envelhecimento patológico.
A depressão e os sintomas depressivos são os fatores que mais aumentariam o risco de doenças físicas, declínios de memória, e fragilidade em idosos. A preocupação com a depressão e os sintomas depressivos, a vivência de afetos negativos ao longo da vida justifica-se pela sua prevalência em idosos e a dificuldade de diagnosticar e porque o alcance da velhice bem-sucedida revela-se em produtividade e em conservação de papéis sociais, engajamento em ocupações de forma satisfatória, ajustamento e satisfação, reconhecimento social. O número de pessoas que conseguem alcançar esse padrão é muito pequeno, está relacionado não só aos fatores biológicos, mas também ao estilo de vida, às oportunidades culturais, sociais e condições econômicas.
Dessa forma, o aumento da população idosa em nossa sociedade, com todas as consequências sociais, econômicas e pessoais que esse fenômeno acarreta, impõe um desafio para à gerontologia e à medicina. Os aspectos biológicos, comportamentais e sociais e a promoção da saúde do idoso passou a ter um enfoque cada vez mais prestigiado, no sentido de se caminhar na direção a uma situação onde o envelhecimento com saúde mental e física ou bem-sucedido não ocorra somente para alguns. Assim, a saúde mental sendo um dos elementos na questão da promoção da saúde do idoso e suas interações com a saúde física exercem influência dinâmica no envelhecimento bem-sucedido.
Envelhecimento bem-sucedido e envelhecimento comum
O conceito de envelhecimento bem-sucedido que se opõe ao envelhecimento comum, apresenta as seguintes possibilidades de envelhecer:
– além daquelas relacionadas à presença ou ausência de doenças;
– aquela que não há doença, mas o alto risco de desenvolvê-la
– a situação em que a pessoa, além de não apresentar doença, possui baixo risco em desenvolvê-la;
– altos índices de funcionalidade física e mental com baixa probabilidade de doença e incapacidades;
– alta capacidade física funcional e cognitiva e engajamento ativo na vida.
O alto nível funcional refere-se aos componentes físicos e cognitivos, potenciais para a atividade e envolve também a atividade.
Portanto, a preservação do estado cognitivo implica diretamente no alcance do envelhecimento bem-sucedido, sendo condição básica para a autonomia e a independência com a longevidade.
Emoções denominadas “afetos positivos” ou bem-estar emocional, que não representam ausência de depressão ou de afetos negativos, têm sido implicadas como fatores preditivos de independência funcional e sobrevivência. Emoções positivas conduzem as pessoas à tendência de comportamentos saudáveis, maior capacidade de busca de suporte social e ainda efeitos diretos na fisiologia por meio de mudanças nos sistemas imunológico e endócrino.
O bem-estar emocional está associado ao sentimento de felicidade. Emoções positivas atuam como fatores de proteção de maior significância em relação ao risco de afetos negativos. As emoções positivas vivenciadas ao longo da vida até a velhice ajudam na manutenção da saúde física e cognitiva e no alcance da velhice bem-sucedida.