por Eliana Bussinger
O conceito de presenteísmo é: quando as pessoas vão para o trabalho, mas não contribuem inteiramente para a produtividade da organização naquele dia, porque, embora elas estejam lá de corpo presente, elas despendem uma enorme quantidade do tempo de trabalho abstraídas ou fazendo coisas outras que não o próprio trabalho.
Essas pessoas não conseguem se “desligar” de seus problemas com facilidade, impedindo dessa forma a produtividade. Em muitos dos casos o presenteísmo impede que a pessoa utilize seus talentos, suas criatividades em prol do crescimento e da lucratividade da empresa.
A principal razão do presenteísmo é o estresse financeiro – clique aqui e leia.
Embora não haja estudos para o caso brasileiro, por experiência, acredito que os empregados que estejam estressados com questões financeiras causem prejuízos da ordem de 10 a 20% no resultado das empresas. E impedem que elas cresçam na mesma ordem. As empresas precisam entender que a saúde financeira de seus funcionários é tão importante para os seus resultados quanto é a saúde física e mental.
Além disso, creio que o estresse financeiro esteja atingindo de 20 a 70% dos empregados, dependendo de algumas peculiaridades que precisam ser observadas (idade, renda, posição geográfica entre outras).
Visão tacanha
Curiosamente, no entanto, as minhas pesquisas demonstram que muitas empresas brasileiras preferem seu empregado endividado e desesperado por julgar que assim mantêm uma rédea curta sobre ele e um controle sobre a rotatividade.
É uma visão tacanha de curto prazo, que combina com um Brasil atrasado, escravagista, onde o empregado “deve na venda e não pode ir embora” já que não consegue quitar suas contas. A quem pode interessar isso?
Certamente não ao empregado ou ao país. E acredite, também não interessa às empresas. Melhor seria se os empregados jamais ficassem aquém das suas possibilidades e de seus potenciais
O que pode ser feito para ajudar a melhorar o nível de bem-estar financeiro dos funcionários e em contrapartida melhorar a produtividade e o lucro das empresas?
Percebo que os seminários de educação financeira ajudam as empresas a melhorar sua produtividade e seus resultados, já que na relação da saúde financeira da empresa, existe a saúde financeira do empregado. É uma relação de dependência. Se pudermos melhorar a qualidade da saúde financeira dos empregados essa melhora se refletirá instantaneamente em resultados positivos para a empresa.
Os empregados apreciam as empresas brasileiras que os ajudam a lidar com as preocupações financeiras, principalmente os desafios que significam: a administração de dívidas, as questões de aposentadoria, de poupança e investimento.
Mas eles precisam mais do que uma brochura explicando tudo isso, precisam de educação abrangente, que detalhe suas opções, riscos e recompensas e que trabalhe na alteração do comportamento imediatista resultante de décadas de inflação.
Educação Financeira também permite que o empregado compreenda melhor os assuntos da própria empresa (questões contábeis, lucro, etc).
Saúde financeira
A saúde financeira robusta conduz a menores preocupações, menos estresse, melhor saúde física e vida pessoal mais estável, inclusive com melhora geral dos relacionamentos. Conduz, ainda à diminuição de despesas médicas, diminuição do uso de remédios, álcool e drogas, reduzindo absenteísmo e turnover. E se você não adivinhou ainda: conduz a maior lucro das empresas e crescimento econômico para todos. Sem dúvida fascinante!
Essa sim é que uma visão de futuro moderna e arguta. E que muitos países do mundo já descobriram: EUA, Inglaterra, Austrália, Canadá e Nova Zelândia. Nesses países os programas de educação financeira nas empresas são ações permanentes, como já acontece por aqui com os programas de prevenção de acidentes, por exemplo (as chamadas CIPAs).
A educação financeira permite uma expressiva diminuição dos custos com relação aos recursos humanos. E é um absurdo acreditar que o estresse financeiro dos empregados pode ser lucrativo para as empresas.
Empresas inovadoras e lucrativas, conectadas com as novas realidades reduzem o que chamamos de “hard money costs”, medindo-os objetivamente e calculando o retorno em investimentos feitos em programas dessa natureza.
A educação financeira reduz os “hard money costs” ao afetar positivamente o tempo despendido (ou desperdiçado) no absenteísmo, no presenteísmo e na resolução de problemas financeiros. Essa é que é a realidade e não os ganhos em redução de **turnover ou os juros de empréstimos que saem dos salários dos empregados.
*Hard money costs: hoje em dia usa-se o termo para se referir a qualquer quantia financeira (dinheiro de qualquer espécie) que é prontamente disponível. Há algum tempo era usado a expressão hard money para moedas ou metal e soft money para as cédulas. Com a diversidade de meios de pagamentos, alguns escritores utilizam hard money para os mais variados meios de pagamento.
**Turnover: nas relações empresariais é o total de empregos (ou postos de trabalho na empresa) dividido pelo número de empregados que saem, ou são substituídos, durante um determinado período.