Exercícios para ouvir melhor

por Nicole Witek

O yoga se interessa por todos os sentidos e considera que além dos cinco sentidos temos um sexto, que é a mente. É a mente que olha e ouve.

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Para que a mente possa interpretar os sons, é necessário transmitir as sensações para o cérebro e para conseguir isso, precisa haver três condições:

– que os órgãos dos sentidos estejam em boas condições;
– que a mente possa captar;
– que exista um espectador, alguém ou um princípio, para quem os sentidos vão transmitir as informações.

A pergunta que o yoga faz é: para quem essas informações são transmitidas?

No primeiro momento podemos pensar que é para a nossa mente adormecida, mas quem vai se beneficiar de todas as informações que vem do mundo externo: o espectador final.

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O espectador final é esse princípio que jaz além de todas as nossas atividades, conscientes ou inconscientes. Quando estamos trabalhando o ouvido, estamos nos aproximando da última pergunta que o yoga ajuda a responder: quem sou eu, para quem ou para que, ouvir esses sons.

Devemos lembrar que a natureza inventou nossos sentidos para colocar um tampão sobre um mundo cuja realidade seria insuportável. Aguentaríamos ouvir todos os sons de nosso meio ambiente, aguentaríamos todas as conversas, não só das pessoas, mas também de todos os celulares, todas os rádios e TVs do planeta?

Não.

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A base dos sentidos é o tato. Todos os sentidos são modalidades do tato. Quando ouço um som, o recebo na superfície inteira do meu corpo.
Preciso acolher sons na superfície do meu corpo, até a superfície dos tímpanos.

Mas temos obrigação de manter nosso aparelho auditivo em boas condições de funcionamento.

Para permitir que as vibrações cheguem até o tímpano, precisamos:

– que o cerúmen (cera) não bloqueie os canais do ouvido,
– permeabilizar as trompas de Eustáquio com exercícios específicos, pois podemos tê-las bloqueadas parcialmente, sem saber.

Aqui estão alguns exercícios

1 – Treine o seu ouvido para perceber sons cada vez mais agudos, expanda o seu campo de consciência, fazendo uma exploração máxima dos sons do ambiente externo;

2 – Procure afastar o tic-tac do despertador, que ficará gradativamente mais longe de você;

3 – Abaixe aos poucos o som do rádio;

4 – Procure os sons mais e mais delicados, até ouvir o som da sua própria respiração.

É só ouvir isso e chegará a ponto de se isolar dos sons externos.

Como as vibrações se transformam em sons na mente?

O mundo é percebido através do nosso equipamento pessoal. Cada um fabrica seu universo pessoal, pensando que esse é a copia do mundo externo.

Mas é importante trabalhar nossas percepções, pois nossa filosofia e maneira de viver dependem disso.

Se eu deixar os sons impregnarem cada pedaço de pele e osso, até os tímpanos, isso indica que estou totalmente incluso no universo que me rodeia, sem fronteiras e isso mostra que os limites do corpo não são esses da pele. O universo vibratório entra em ressonância com cada parte do corpo.

Como ter um aparelho auditivo que transmite essas vibrações?

O yoga propõe exercícios de depressão e exercício de aspiração.

Exercício de "depressão": flexibiliza a membrana timpânica

– colocar as palmas das mãos como se fossem ventosas e pressionar repetitivamente com uma velocidade que seja confortável. Repetir várias vezes, sem brutalidade, com carinho.

Exercício de "aspiração"

– sentar em uma posição confortável, com a coluna vertebral ereta, fechar os olhos e colocar os dedos em contato com o rosto dessa maneira:
– os polegares vão fechar os ouvidos;
– os indicadores bloqueiam os cílios para manter as pálpebras fechadas;
– os dedos maiores, estão em contato com as narinas, fechando-as parcialmente;
– os anelares e auriculares estão sobre os lábios superiores e inferiores;
– Inspire, sem modificar a posição dos dedos, colocar a boca em forma de bico e inspirar pela boca até que uma quantia de ar confortável preencha os pulmões;
– reter o ar, sem cansaço, inflando as bochechas;
– desbloquear as narinas;
– expirar lentamente pelo nariz;
– repetir cinco vezes.

Terminado o exercício, deixar os sons virem em sua direção, lembrando que o mais importante á a concentração.

Lembrando sempre que estamos criando na nossa mente uma visão da realidade. Ouvir é muito mais que colocar os órgãos do sentido em ação. É conectar-se com o mundo, interagir com a vida.

Ouvir é facilitar a conexão com os outros, a interação com os outros e com nosso meio ambiente, ter mais informações para nos instrumentar na vida.

Temos obrigação de usar de forma correta o equipamento que a natureza nos proporcionou e deixar todas as formas de vibrações vir até nós, as sonoras principalmente.

Funcionamento do sistema auditivo

Começando pelos órgãos dos sentidos, veja como funciona o sistema auditivo:

O sistema auditivo é um autêntico mecanismo de precisão. Ele capta os sons do meio ambiente e o contato desse som com o tímpano manda sinais para o cérebro, e a mente interpreta esses sinais.

O ouvido é dividido em três partes: externa, média e interna. Cada parte possui seus órgãos específicos, compondo um complexo sistema de amplificação do som.

A onda sonora produzida pelo som é captada pelo pavilhão auricular (orelha), passa pelo meato acústico externo (canal auditivo) chega a membrana timpânica que vibra e faz vibrar os pequenos ossos do martelo, da bigorna e dos estribos. As vibrações chegam até a parte interna do ouvido.

Dentro do ouvido existe um líquido que as propagam. Este líquido transmite seus movimentos em forma de ondas ás células ciliadas, que transformam as vibrações em impulsos nervosos.

O nervo auditivo capta esse impulso nervoso e o dirige ao cérebro. A mensagem é decodificada e interpretada pela mente.

A tuba auditiva ou trompa de Eustáquio é um canal que liga o ouvido médio á faringe e que ajuda a manter o equilíbrio de pressão entre os dois lados da membrana timpânica.

A tuba abre e fecha à medida que engolimos ou bocejamos, permitindo uma equalização entre a pressão do ouvido externo e do ouvido médio. Em um avião ou em situações de mudanças de altitude, uma sensação de pressão pode ser causada no ouvido por esse processo de equalização.