Férias escolares 2021: como lidar com os filhos

Férias escolares 2021: é preciso que os pais pensem em como ajudar seus filhos a relaxar, a encontrar um apaziguamento para suas angústias

Mais um período de férias escolares acontecerá nesses tempos de pandemia. Se compararmos os momentos vividos nos dois outros períodos de recesso escolar, constatamos situações diferentes.

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Vale fazer uma cronologia a respeito. No Brasil, em julho de 2020, depois da quarentena estendida algumas vezes, existia a esperança de que uma normalização aconteceria. Na Europa, tempo de verão, pessoas já saiam as ruas, muitas inclusive sem máscaras. Não raro pessoas menos prudentes  comemoravam a chegada do “novo normal”. As férias aqui, naquele mês, aliviaram os alunos e, no caso de crianças, também seus pais, das aulas à distância, processo penoso de se acostumar para muitos. A família descansou das atividades escolares e existiu a possibilidade de sair da cidade para aproveitar o tempo na praia ou no interior.

No segundo semestre de 2020, muitas escolas propuseram um sistema híbrido de aulas; algumas presenciais e a maioria à distância. De fato, fazia-se necessária a volta à escola de forma presencial, principalmente para as crianças mais jovens, algumas das quais nem conheciam a escola física.

No fim do ano passado, o verão propunha melhores possibilidades de férias, mas logo surgiram as notícias de novas cepas do vírus e, também, as indicações de evitar aglomeramentos nas festas de fim de ano. E, o ano de 2021 se iniciou mostrando os índices alarmantes de contaminação e mortes principalmente nos países do hemisfério norte, onde acontecia o inverno.  Aqui, as viagens de férias escolares foram restringidas e crianças e jovens tiveram que se contentar com o estreitamento dos espaços físicos das férias.

A volta à escola em fevereiro de 2021, foi acompanhada de alegria pelas crianças que puderam conviver com seus amigos e que tiveram  condições de apreciar o aprendizado presencial. Entretanto, pouco mais de três semanas depois, com o recrudescimento da pandemia, manifestado pelo número crescente de contaminações e mortes e pela lotação das UTIs, entramos na chamada fase emergencial. As escolas novamente foram fechadas e o ensino passou a ser exclusivamente à distância. Passado essa fase, por muitos caracterizada como uma segunda onda, voltou-se ao sistema híbrido nas escolas e daqui a algumas semanas teremos novamente as férias escolares de julho. Porém, existe a ameaça de estarmos entrando em uma nova fase difícil, uma provável terceira onda  pelo surgimento das novas cepas.

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Todo esse período, com todas as suas fases, alterou de forma importante a vida de muitas famílias, tanto do ponto de vista econômico, financeiro, social e psicológico. Muitos projetos de vida precisaram ser abandonados.  Existe  um aumento significante do nível de estresse para as pessoas das diferentes idades. Vive-se um estresse crônico, que é continuamente reforçado pelas informações do que está acontecendo no mundo todo. Sentimentos de medo, ansiedade, e depressão instalaram-se nas pessoas. As crianças e os adolescentes não foram poupados. Acredito que nunca em nosso meio, tantos deles precisaram de medicação para ansiedade e depressão, por sofrimentos que se manifestam de formas diversas.

Férias escolares 2021

Assim, é preciso que nessas férias que se aproximam, os pais pensem em como ajudar seus filhos a relaxarem, a encontrarem apaziguamento para suas angústias. Os locais de férias estarão possivelmente restritos, mas o importante parece ser muito mais não aonde ir, mas o que fazer nesse período de descanso. Que não sejam apenas os videogames  o tempo todo, mas que atividades de interação presencial com amigos, familiares sejam propostas. Aí se incluem, passeios e aventuras ao ar livre, esportes conjuntos e conversas e mais conversas com os filhos.

É psicóloga especializada em psicoterapia de crianças e adolescentes. Mestre em psicologia clínica pela PUC-SP, Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, professora do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica da PUC e autora de vários livros, entre eles 'Pais que educam - Uma aventura inesquecível' Editora Gente.

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