por Eduardo Yabusaki
O ficar é uma forma de se relacionar que faz parte do processo de descoberta entre adolescentes e jovens, mas tem se manifestado também entre adultos, maduros e idosos descompromissados em suas relações interpessoais.
Não nos cabe aqui fazer uma análise profunda, contra ou a favor, mas pensar sobre seus efeitos.
Para jovens e adolescentes existem reflexos positivos e negativos, vamos a eles:
Prós:
1. O adolescente ou jovem vive o ficar como uma forma de explorar sua capacidade de conquista, envolvimento e exposição; reafirmando sua autoestima e autoconfiança.
2. Oportunidade de viver, conhecer e se envolver com alguém desprovido de compromissos e obrigações, deixando se levar pelo momento, situação e o que esteja acontecendo oportunamente.
3. Despertar de sentimentos, afetos, tesão, amorosidade e impulsos contidos por características individuais limitantes, despertando a atenção e valorização dos próprios sentimentos e emoções.
4. Buscar grupos de socialização que permitam sentir-se motivado para a busca de alguém por quem possa se interessar ou frequentar grupos que possam criar identificações e favorecer o ficar.
5. Viver o ficar como parte inicial de um processo de desenvolvimento vincular com o desenvolvimento crescente da afetividade, sentimentos e amorosidade, e assim, adquirir amadurecimento emocional com significados pessoais.
Contras:
1. Viver o ficar de forma indistinta e sem sentido, só por embalo do grupo de amigos ou por valorização social, só para se destacar ou marcar presença.
2. Ficar por ficar sem significado emocional, afetivo ou mesmo sentimental, fica porque ela ou ele deu mole não por que lhe interessa ou agrada,
3. Busca por uma noite de sexo através do ficar, que pode criar o desvínculo do sexo de sentimento e afeto, viver o sexo pura e simplesmente pelo prazer, que pode sim ser bom, mas pode magoar uma das partes que espera por algo mais, se o sexo for bom.
4. Desencadear a necessidade de ficar com o maior número de parceiros possíveis, desconsiderando os sentimentos e os próprios interesses, como um vício, mas no fundo desejando alguém para ter um relacionamento mais compromissado, um namoro.
5. Ficar com qualquer pessoa apenas pela aparência sem sequer conhecer direito e reforçar uma dificuldade de vínculo afetivo ou aprofundamento nos próprios sentimentos. Fica só no superficial, fica e agrada, tem tesão e vai para o sexo, mas fica nisso, não se aprofunda e não se envolve e nem conhece melhor a pessoa. Isso não permite que os sentimentos se aprofundem ou emerjam.
É preciso que o jovem reflita sobre como ele vivencia o ficar e se o que ele experimenta vai ao encontro do que ele pensa ou deseja. Caso contrário, é preciso que ele busque mudar para que possa atender às suas necessidades, desejos e expectativas.
Observamos adultos que saem de casamentos desfeitos e se veem numa realidade tentadora de querer tirar o atraso e ficar com todos(as), sem perceber que se expõe a situações de risco e indesejadas.
Tal condição por vezes cria condições desfavoráveis socialmente que geram rótulos ou famas negativas de quem fica indistintamente.
Ficar não é prejudicial nem temerário, desde que tenhamos muito claro como entendemos esta forma de se relacionar e o que estamos construindo e manifestando em nossas interações, consequentemente o significado que adotamos e vivemos.