Fico 24 horas por dia com minha esposa e não sinto vontade de sair com ela nos dias de folga. O que faço?

Por Anette Lewin

Depoimento de um leitor

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“Olá! Tenho um problema no casamento que está atrapalhando a relação a cada dia. Eu e minha esposa nos vemos 24 horas por dia, trabalhamos juntos e dentro do mesmo ambiente, quando chega os dias de folga eu não tenho vontade de sair com ela para nenhum lugar, nem para uma janta, nem para ir à praça. Mas quando namorávamos isso, não existia, pois eu a via a cada 15 dias por morar longe. Então quando nos encontrávamos era sempre pra sair, jantar, almoçar, passear para termos nossos momentos. Como administrar isso?”

Resposta: A primeira questão a ser feita é: o problema está em vocês trabalharem juntos ou no fato de que a fase de namoro já passou?

Sim, porque fase de namoro é um período muito especial onde a boa vontade, a curiosidade e a generosidade imperam entre o casal; qualquer sugestão é aceita, os problemas do dia a dia parecem não existir, enfim, é uma fase mais de sonho do que de realidade.

Com a convivência as coisas mudam. O casal não divide mais só os sonhos, mas também os problemas. E é necessário saber encarar essa realidade com cumplicidade para que o casamento sobreviva.

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Assim, o fato de vocês trabalharem juntos, por si só, não tem que destruir o casamento. Se o casamento não vai bem, tem que ser reavaliado e rediscutido.

Certamente, a primeira pergunta a ser feita é: por que você não quer mais sair com sua esposa?

A companhia dela não agrada mais?

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Ela faz alguma coisa que te incomoda?

Você não sente mais prazer em estar junto dela?

Ainda quer estar casado com ela?

Sim, essas questões devem ser feitas para que você entenda melhor se a pessoa que você escolheu para conviver ainda traz a você alguma sensação agradável.  Afinal, casamentos não são eternos, principalmente se não forem reavaliados periodicamente.

Quanto ao fato de trabalhar junto com sua esposa, pergunte-se qual a influência que este fato pode ter na relação de vocês.

Existe alguma hierarquia entre vocês? Um tem poder sobre o outro? Vocês divergem com relação a resoluções a serem tomadas?

Bem, se esses aspectos existem e você acha que eles podem estar influenciando na relação de vocês, talvez valha a pena um dos dois mudar de setor ou mesmo mudar de trabalho. Se bem que, como foi dito antes, quando o casal se dá bem, divergências no trabalho podem ser superadas através da boa vontade e da cumplicidade. Afinal casal que trabalha junto deveria perceber o outro como um parceiro e não como um inimigo.

O que determina uma parceria saudável?

Da mesma forma que casal com um casamento estável deveria perceber a companhia do outro como agradável e estimulante e não como alguém que quer ver longe.

Avalie também se o fato de não querer sair com sua esposa nos momentos de folga não pode estar associado às suas necessidades pessoais de lazer e descanso. Em geral, homens gostam de ficar em casa para relaxar. Mulheres, por mais cansadas que estejam, têm mais disposição para sair. Talvez você apenas esteja sentindo a necessidade de aproveitar seu tempo de lazer ficando em casa. Se assim for, tente explicar isso para sua esposa e dê a ela a liberdade de usar os momentos de lazer dela da forma que ela achar mais conveniente. Afinal, o fato de um casal estar casado não significa que têm que sair sempre juntos.

Se, depois dessas reflexões, chegar à conclusão que ainda quer permanecer casado, tente se esforçar para voltar a perceber sua esposa como parceira.  Às vezes, é claro, existirão momentos difíceis entre o casal, mas sempre vale um esforço para que esses momentos sejam breves e a vontade de construir planos para o futuro volte a dominar a relação. Vale também evitar levar problemas do trabalho para casa ou problemas de casa para o trabalho. O que pode, e deve ser levado para qualquer lugar é a boa vontade, a consciência do que é uma sociedade e o respeito. É isso que determina uma parceria saudável em qualquer situação.

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.