por Edson Toledo
Rapidamente… Responda a pergunta: o copo está meio cheio ou meio vazio?
A forma como você responde a essa velha questão pode refletir sua visão sobre a vida, sua atitude em relação a si mesmo e até afetar sua saúde. Isso porque aquele que enxerga a situação sob uma perspectiva positiva (o copo meio cheio), mesmo sem perceber, está tomando uma vacina de otimismo, esperança e satisfação; sentimentos que provocam uma cascata de hormônios benéficos para o corpo, como a ocitocina e a dopamina, falaremos delas mais à frente.
Outras situações que envolvam amor, alegria, confiança, compaixão, gratidão e altruísmo são igualmente potentes reforços para combater as doenças, e até a ciência aceita e busca explicar essa relação.
Um estudo da University College London (Inglaterra) demonstrou que o bem-estar psicológico positivo está associado à redução da mortalidade cardiovascular em indivíduos saudáveis e relacionado com um melhor resultado no tratamento de pessoas doentes.
Em outro trabalho realizado na Universidade da Califórnia (Estados Unidos), pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio, e que permaneceram otimistas, relataram menos dor após a realização do procedimento.
No Brasil, um estudo realizado pela Universidade Federal do Espírito Santo, buscou evidência de que o otimismo ajuda muito a combater doenças, entre as constatações, verificou-se que pacientes que enfrentavam o câncer de mama de forma positiva produziram uma substância no sangue capaz de aumentar as células que destroem tumores.
Em recente trabalho da Universidade da Califórnia, o foco de estudos foi a gratidão. Após o experimento, os pesquisadores perceberam, participantes que agradeciam, se sentiam mais felizes e otimistas em relação à vida, exercitavam-se mais, presentavam menos problemas de saúde, ou não tinham motivos para procurar um médico. Pelos exames de sangue, os especialistas também observaram que no grupo da gratidão a proteína C reativa, conhecida pela sigla PCR (proteína relacionada à inflamação) havia diminuído, bem como foram identificadas mudanças na variabilidade da frequência cardíaca.
Nossas atitudes perante a vida, a forma como enfrentamos os problemas e outras condições emocionais provocam reações no cérebro, mais especificamente no sistema psiconeuroimunológico (um complexo de liberação hormonal), que tem relação com a imunidade; conforme o que sentimos, essa região libera determinadas substâncias para o corpo.
Hormônio do bem-estar
Uma das substâncias mais influentes é uma velha conhecida, a ocitocina (conhecida como hormônio do bem-estar), que está relacionada aos sentimentos como generosidade, amor, compaixão, esperança e otimismo. Sua ação é explicada bioquimicamente e por meio de exames de imagem e essa identificação, validada pela ciência, é uma forma de mostrar quanto nossas atitudes são extremamente influentes na saúde, ora funcionando como gatilho de sintomas nocivos, ora nos inundando de substâncias protetoras.
A ocitocina é tão importante para a proteção do corpo e da mente, que muitos pesquisadores têm feito uso dela para tratar problemas aparentemente sem solução, como a dor crônica e a depressão.
Quando nós abrimos para bons sentimentos, estimulamos a produção de um neurotransmissor chamado dopamina que desencadeia impulsos nervosos que levam a estados de bem-estar e harmonia, melhorando tudo à nossa volta. A deficiência dessa substância acarreta problemas como falta de concentração, distúrbios do sono e baixa libido, por exemplo.
Por outro lado, emoções negativas podem provocar a exacerbação do sistema nervoso simpático, promovendo automaticamente no organismo reações que vão contribuir para nossa sobrevivência e preparam o corpo para lutar ou fugir. Com isso, há um aumento do cortisol, o hormônio do estresse, em excesso, ele causa complicações como: aumento do risco de diabetes, hipertensão, distúrbios do sono e depressão.
Existem ainda consequências indiretas, quando a pessoa está tensa ou mal com a vida, a expansão pulmonar é prejudicada, a respiração passa a ser predominantemente torácica em vez de abdominal, que é mais profunda. Isso faz com que os pulmões não funcionem com eficiência resultando em sensação constante de cansaço, portanto, a primeira vitima do mau humor e de ódio é a própria pessoa, não a outra.
Não basta, porém, evitar sentimentos negativos ou pensar positivamente e ser otimista, para garantir mais saúde, trata-se de uma questão mais complexa.
Saímos do século passado, quando se dizia que o câncer estava relacionado à culpa e a sentimentos negativos, por exemplo, para novas e mais concretas descobertas. Embora esses possam interferir (e isso que as pesquisas buscam entender), não são somente elementos psicológicos e emocionais os responsáveis pelas doenças ou pela ausência delas. Nossa saúde também é influenciada pelo ambiente, por hábitos alimentares e atividade física, além da própria genética.
A ciência tem buscado encontrar os chamados *marcadores biológicos para associar a evolução das doenças aos sentimentos e já existe uma relação bem estabelecida neste campo, agora é muito interessante à aproximação da fé, atitudes positivas e ciência.
* Marcadores biológicos são componentes celulares, estruturais e bioquímicos, que podem definir alterações celulares e moleculares tanto em células normais quanto aquelas associadas a transformação maligna.