Ghosting: ele sumiu… E agora, o que faço?

É bem difícil processar o ghosting. Assim, buscam-se justificativas para o sumiço dos outros. Nesse momento, pode-se abrir uma Caixa de Pandora e liberar crenças negativas cultivadas ao longo da vida.

E-mail enviado por uma leitora:

“Fui vítima de ghosting. O crush sumiu sem me dar a menor explicação e não tenho a menor ideia sobre o que o levou a fazer isso. Isso me trouxe uma sensação de vazio, sinto-me perdida e não estou sabendo lidar com essa dor. Como você pode me ajudar?”

Resposta: Quando alguém some em uma relação, sem uma explicação aparente, isso deixa a pessoa confusa e um pouco sem chão. Isso porque vive-se nos primeiros dias a sensação que a pessoa irá voltar e dar alguma explicação (mesmo que mentirosa) para retornar o vínculo. Mas quando se percebe que a pessoa foi embora e não vai voltar, vem as perguntas dos motivos que a fizeram ir.

E por mais que se ache razões reais ou não para isso, a dúvida que paira traz muita angústia. Entretanto, nem sempre se tem alguma culpabilidade nesse tipo de situação.

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Aliás, é muito corriqueiro a pessoa sumir quando perde o interesse ou até mesmo quando encontrou alguma outra pessoa para conversar e se relacionar. Mas não é assertivo e nem saudável quem pratica esse tipo de coisa. Aliás, isso é uma grande falta de respeito (educação) deixar a outra pessoa no vácuo ou falando.

Normalmente, ao se fazer isso e não sofrer nenhuma consequência desse ato, faz com que se torne mais fácil não assumir términos ou se responsabilizar por essa parte da relação que está ou estava sendo construída.

Por que o ghosting dói tanto?

Logo, é bem difícil entender, e para processar esse tipo de coisa (internamente) e entender, buscamos justificativas para o sumiço dos outros. Nesse momento, pode-se abrir uma Caixa de Pandora e liberar crenças negativas cultivadas ao longo da vida. Essa crenças são ativadas pelo sentimento de rejeição e abandono. Frases comuns que podem ativar essas crenças e aumentar a dor são: “Eu não mereço mesmo ser feliz”; “Bem que a minha mãe dizia que ninguém me suporta”; “Meu ex-marido falava que eu não prestava para nada”; “Sempre fui desajeitada na escola e é por isso que essa pessoa do Tinder foi embora”; “Nunca serei feliz”; “Não sou capaz de sustentar uma relação” etc.

Na verdade, é comum a gente associar uma coisa à outra, quando tentamos entender qualquer situação. E como sofrer ghosting é ruim, isso ativa crenças desse tipo (ruins), e assim fica mais difícil lidar com esse vazio.

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A dica aqui, além de fazer terapia para entender essas crenças e trabalhar possíveis distorções cognitivas advindas dela, é quem nem toda a ação que acontece hoje é consequência de uma dessas crenças que você trouxe do seu passado. O ghosting não é nenhum tipo de confirmação dessas crenças. Então, tente olhar para esse ghosting como um evento único, e não como uma reação em cadeia. Isso faz com que diminua a dor e ela tenha a proporção real e não a proporção de uma rejeição ou abandono de todas as situações que você já viveu na vida.

Espero que saia logo dessa.

Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

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Psicóloga Clínica, Psicodramatista pela Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama (ABPS), cursando nível II e III na Sociedade Paulista de Psicodrama e Sociodrama (SOPSP) e Terapia de Casal no Instituto J L Moreno. Pesquisadora no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas FMUSP no PRO AMITI no setor de Amor Patológico e Ciúme Excessivo. Vice-presidenta da Associação Viver Bem