Há um tesouro escondido em você lhe esperando

O tesouro está em nós. Porém, se a mente estiver entorpecida não será possível acessá-lo.

Eram dois grandes amigos. Um muito rico e outro mendigo. A situação de cada um era natural, o rico, por causas e condições, e o mendigo, não sei se por escolha ou por desprendimento, ou nada disso.

Eles não se viam há muitos anos. Um dia, o rico encontrou com seu amigo largado na rua, alcoolizado, desmaiado pelo álcool e drogas. Foi difícil reconhecê-lo.

O amigo apiedado, colocou em um bolso de seu casaco mal cheiroso e rasgado, uma pedra preciosa para, quem sabe um dia, possa vender, ficar melhor de vida, saindo assim dessa condição.

O mendigo era muito inteligente e feliz. Porém, já estava bem entregue a uma condição de abandono de si mesmo. O amigo rico foi embora.

Então, mais anos se passaram, e novamente, eles se encontraram. O mendigo do mesmo jeito, ao caminhar pelas ruas, cambaleante. Ao ver seu amigo rico, parou, olhou bem, e o reconheceu. Foi ao seu encontro.

O amigo rico assustado, pois ele continuava na mesma condição.

Perguntou:
– Você não viu que eu coloquei em seu bolso uma pedra preciosa? E que poderia ajudá-lo a viver melhor? Com todos os cuidados necessários para uma vida mais saudável?

O entorpecido homem procurou com as suas mãos em todos os furos e bolsos do casaco e, surpreso, tocou a tal pedra, emaranhada nos fios soltos do tecido cansado. Tirou de seu bolso, arregalou os olhos… E, não entendendo bem, soltou um sorriso de poucos dentes, desconcertante…

O amigo o abraçou e continuou a falar com ele… Mas… um vento forte passou pelo vilarejo e não o vimos mais, nem o rico, nem o mendigo…

De onde veio esta linda e mágica história?

Essa história foi inspirada no Sutra da Flor de Lótus da Lei Maravilhosa. São pequenos contos que Xaquiamuni Buda transmitiu para passar os seus ensinamentos.

O tesouro está em nós e a nossa mente ainda está entorpecida. Os apegos e aversões, as delusões que sustentam nossa forma de ser e conviver, não nos permitem perceber…

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Perdemos muito tempo vagando pelos vilarejos de nossa vida, mas oportunidades acontecem. Despertar não é gradual, despertar é acordar. A meditação Zen, o zazen, é esse despertar.

Não perca tempo!

Monja Zen Budista da Tradição Soto Zen – Japão. Brasileira, discípula de Monja Coen Roshi.. Formação em pedagogia. Orienta práticas de zazen, meditação zen, e realiza cursos. Integra iniciativas de sensibilização e mobilização social por meio da meditação zen e diálogos temáticos a diversos públicos, tendo por base os ensinamentos de Xaquiamuni Buda. Atua desde 1983 como funcionária do Governo do Estado de São Paulo em capacitação a gestores públicos municipais bas diversas áreas das políticas públicas. Musicista, íntegra som e sopro, como expressão do “interser. ”