por Angelo Medina
Ao lado da nova mulher surge um novo homem. Ele quer amar e ser amado. Sonha em ser cuidado, acariciado e tranqüilizado. Às mulheres cabe a pergunta: não é hora de aproveitar?
Nesta entrevista ao Vya Estelar, o psiquiatra Drº Luiz Cuschnir desvenda o perfil e o comportamento do homem atual. Revela seus segredos e suas paixões frente à nova mulher.
Vya Estelar – Qual é o maior medo do homem frente à mulher moderna?
Luiz – Os desmandos, as mulheres tornarem-se poderosas e insensíveis. No fundo, insensíveis elas não serão, mas poderão estar lidando com eles quase como se fossem um "appointment", mais um compromisso no dia delas. Tratando-os como seus funcionários ou subalternos.
Vya Estelar – Como está a vida sexual do homem atual?
Luiz – Estão decidindo mais se querem ou não terem relação. Desviam-se delas se não estão disponíveis. Não querem mais marcar presença e serem obrigados a cumprir um programa. Têm mais claro, para eles mesmos que querem variar mais, que não toleram mesmices, cheiros, atitudes que realmente não os estimulam sexualmente. Estão cada vez mais ligados em uma relação sexual significativa, onde sintam realmente algo com a parceira.
Vya Estelar – Atualmente como é o jeito masculino de ser?
Luiz – É um jeito mais autêntico, mais sincero, sem tantos rodeios para expor o que ele realmente deseja. É um homem mais flexível, sem tanto receio de mostrar suas fantasias. Ele deixa mais claro que tipo de compromisso ele quer ter com a mulher, não se enrola nem a enrola tanto. É mais alegre, espirituoso, não se preocupa tanto em se mostrar sério, taciturno: pode sorrir e ser simpático.
Vya Estelar – Quais são as máscaras do comportamento masculino que estão caindo?
Luiz – Elas estão relacionadas com a possibilidade deles não precisarem se mostrar sempre fortes, professores de tudo, trabalhadores "até a morte". Eles não se escondem mais tanto em relação às suas fraquezas, inseguranças e dependências. Se estão seguros dentro das relações pessoais ou afetivas, se mostram mais inteiramente.
Vya Estelar – O que o homem procura e espera da mulher no relacionamento amoroso?
Luiz – Espera no minimo que ela permaneça com seus atributos femininos, sem se sentir compelido a competir com ela como se ela fosse um homem. Não querem uma mulher com uma energia masculina, guerreira, mas que tenha a força e determinação para crescer com ele, lutar ao lado dele, utilizando o que ela tem de mais sutil e flexível, criando e recriando um jeito feminino de ser.
Vya Estelar – As mulheres estão correspondendo aos anseios masculinos?
Luiz – Muitas vezes sim. Ele pode agora confiar em uma mulher que divide com ele, igualmente, as responsabilidade de uma vida presente e futura. Que possam os dois batalharem por uma estabilidade e que ela compreenda realmente o que é a aspereza de uma vida profissional. Em outras situações, ele não tem essa cumplicidade toda. Ela passa a esperar que ele ainda seja mais que ela, lhe dê segurança (é o que a mulher mais espera de um homem). Ele até quer ser aquele que ela possa se entregar e ser confiável mas com a crescente exigência dela, fica quase impossível para ele atendê-la neste patamar.
Vya Estelar – Quais seriam os papéis específicos que caberiam ao homem e à mulher?
Luiz – Claro que respeitando as individualidades pessoais, cultura, posição social e profissional, algum fatores podem equilibrar mais o casal, se eles estiverem atentos ao que precisa aparecer como diferenciador do que é mais masculino e feminino. Diferenciar a mulher do homem é imprescindível. Mais do que papéis específicos, é a diferenciação de ambos. Se um é o que cozinha, simbolicamente o outro é o que lava os pratos. Isto não torna nem estigmatiza um como cozinheira nem o outro como lavadeira ou copeira. Assim é no relacionamento deles.
Não taxá-lo de feminino porque ele chora e ela ganha mais dinheiro. O fato dele trazê-la para um mundo mais fantasioso não é que ele está sendo mais feminino. Nem ela que sobe vertiginosamente na profissão, passa a poder mais econômicamente, que ela passa a ser o esteriótipo de homem e precisa mandar em tudo. Manter cada um dentro da energia do seu gênero, mesmo em papéis que podiam ser considerados do outro, podem trazer uma diferenciação e um estímulo de atração de um para com o outro, confirmando-o no seu gênero. E cuidado com as palavras e os preconceitos: são malígnos!
Vya Estelar – Objetivamente o que fazer para se ter um relacionamento afetivo saudável e duradouro?
Luiz – Respeito, respeito, respeito. Tantas vezes quantas forem necessárias. Que a relação compreenda o que o outro é e não o que cada um necessita do outro e querer modificá-lo, ensiná-lo a ser como se espera que seja, que forçe o outro a entrar em padrões que não fazem parte da sua história de vida e características pessoais. Ir ensinando o outro a experimentar se ele quizer e puder fazê-lo
Vya Estelar – Os homens estão conseguindo expressar os sentimentos e emoções?
Luiz – Dentro do possível sim e bem mais do que conseguiam antes. A sociedade está lhes permitindo dizer não para o que realmente não suportam ou desejam, sem precisarem adoecer ou se esconder por trás de máscaras. Mostram mais claramente o quanto dependem de um relacionamento afetivo, mesmo que as mulheres os estejam achando fracos devido a isto. A mulher ainda não tranformou seus conceitos, do que pode esperar de um homem e agora passa a considerá-los muito frágeis para as expectativas que tem ainda de ter um homem mais forte do que ele é. Muitas vezes os homens ainda não se admitem perante elas tão "desmascarados" por não acreditarem verdadeiramente que elas os irão aceitar como eles sentem seus conflitos.
Vya Estelar – Para o senhor os homens estão sedentos de paz. Afinal, que paz seria esta?
Luiz – A paz tem a ver com serenidade, com tempo suficiente para uma relação mais profunda, tranqüila. Não quer ficar em um relacionamento beligerante. Quer ter uma relação com a mulher onde possam trocar seus pontos de vista sem ele precisar ficar em um questionamento e argumentação intermináveis.
Vya Estelar – Em quais aspectos os homens precisam progredir?
Luiz – Eles precisam entender melhor esta questão de ganhar dinheiro, crescer profissionalmente, aumentar o patrimônio como uma forma de subsistência e cuidado com a segurança pessoal e da família. Não lidar com isso excluindo o desenvolvimento e o cuidado com a vida afetiva. Procurar uma situação onde possam contemporizar melhor os dois aspectos, profissional e afetivo, não detonando um ou outro. Preocuparem-se com os aspectos mais amplos do relacionamento social, companhias, lazer, integrando em suas vidas a manutenção de vínculos sociais mais amplos ultrapassando as esferas da família e do relacionamento profissional.