por Elisandra Vilella G. Sé
As relações humanas alcançam sucesso na medida em que as pessoas compartilham interesses comuns, seja afetivo, propósitos de vida, metas, sexual, vivências íntimas etc. O motivo principal que levam as pessoas buscarem companhia e casarem é o fato de constituírem uma família, praticar a geratividade, ou seja, o desejo de terem filhos, não ser sozinho.
É interessante exploramos as relações humanas que existe na velhice e a vivência dessas relações intimas de afeto e convivência.
O casamento é uma instituição que está constantemente sofrendo transformações nos tempos atuais, assim como os arranjos familiares, a organização da família, estando sempre em pleno processo de reestruturação. Isso nos faz refletir e estudar os novos modos das pessoas idosas casadas pensarem e agirem sobre o casamento, vivenciarem a sua vida a dois, participando e aceitando ou não as mudanças.
Uma das características da nossa cultura é o casamento monogâmico heterossexual formal e ritual com a finalidade, entre outras, de regrar o sexo, a moral e, eticamente, a vida do casal, estabelecendo um relacionamento recíproco. Assim, o termo casamento é definido como uma união entre duas pessoas de sexos diferentes, legalizada ou não, as quais dispuseram a construir uma existência conjunta. O casamento implica em uma transmissão não só do patrimônio material, mas principalmente valorativo, através da educação e da convivência.
Nesse contexto passam-se as regras comportamentais, as preferências estéticas, os conceitos e preconceitos, as relações de poder, enfim, toda a produção da sociedade através das normas e valores a cada grupo ou camada social.
Alguns estudos gerontológicos mostram que as taxas de mortalidade variam segundo o estado civil. Os homens casados e as mulheres casadas ou com companheiras/os possuem taxas menores de mortalidade, enquanto os homens divorciados e as mulheres divorciadas possuem taxas mais altas do que os/as que estão viúvos/as e solteiros/as. Veras (1994), um dos poucos estudos gerontológicos existentes no Brasil, mostrou que a companhia é uma fator positivo para o prolongamento da vida na velhice. Os estudos gerontológicos mostram que a companhia na velhice atua como fator protetor para uma vida saudável no âmbito emocional. O aumento de laços afetivos através de companheiros, redes de amigos, convívio com irmãos e parentes ajudam a proteger da solidão.
Outras pesquisas com pessoas idosas demonstram que há uma dificuldade em responder às questões sobre a sexualidade. Uma pesquisa realizada pela PUCRS mostrou que tanto os homens como as mulheres não assinalaram o sexo como elemento importante no casamento. A resposta mais comum foi que com o passar dos anos tanto os homens como as mulheres ficavam mais companheiros e gostavam das mesmas coisas. A amizade foi pontuado como o mais importante. A preocupação com a manutenção da saúde da saúde foi mais apontada pelas mulheres, embora estando saudáveis. Atualmente, na velhice, muitos casais buscam uma afeição mais atualizada de uma vida íntima. Mas sexo nessa fase ainda é um tema muito encoberto.
Quanto à sexualidade, o envelhecimento pode ocasionar a diminuição da potência sexual no homem e na mulher mudanças fisiológicas com relação ao climatério-menopausa, mas não o desaparecimento do desejo.
A sexualidade é uma função do ser humano que está sempre presente. A sexualidade é uma linguagem, uma forma de comunicação; tem a ver com amor, com a ternura e com os afetos. A sexualidade deve ser mantida na velhice e pode ser mantida.
O casal idoso une-se na expectativa de manter uma vida a dois de forma saudável, mantendo sua autonomia, enriquecendo cada vez mais suas relações íntimas, reconstruindo suas identidades. Casais que mantêm suas relações saudáveis ao longo da vida tem na companhia uma do outro a longevidade, a satisfação na velhice.