por Maluh Duprat – psicóloga do NPPI
Em tantas e polêmicas discussões em torno dos usos benéficos e maléficos da Internet, especialmente por crianças e adolescentes, sempre vem à tona a preocupação dos pais em exercer algum controle sobre a quantidade e a qualidade de acessos, desde que a rede alcançou as dimensões planetárias que hoje apresenta, permeando a vida da maior parte da humanidade.
O carro-chefe dos questionamentos e inquietudes é a educação. É com ela que os pais se preocupam quando sentem que a Internet exerce um domínio sobre seus filhos que eles parecem estar perdendo, como a um inimigo virtual, abstrato, difícil de conhecer e controlar, que não para de crescer. E ele está lá, dentro de casa, trazido inclusive pelos próprios pais, que também fazem uso dele! Que paradoxo, não? E ainda que não estivessem dormindo com o inimigo, ele está por toda a parte, implacável e irrecusável.
Outro aspecto curioso, é que o problema levantado não é visto como tal pelos próprios filhos, que navegam com a maior naturalidade por essas águas cristalinas. Nasceram nelas! A Internet parece fazer parte do DNA das últimas gerações, que estabelecem com ela uma relação tranquila e rotineira, na maior parte das vezes.
Os valores morais e éticos, o conhecimento das artes e das ciências que até anos atrás eram prerrogativa atribuída às famílias e às escolas, hoje concorrem com uma nova forma de ver o mundo, de se relacionar com as pessoas, de ter acesso a todo tipo de conteúdo a qualquer tempo, em qualquer idade. É como se a evolução humana, o processo de amadurecimento, a permanência das coisas aos olhos das gerações pré-internet estivessem efervescentes, um vulcão pronto para entrar em erupção. Se isso não é um problema para a geração nativa, certamente é um imenso desafio para seus antecessores.
Educação, assim, não é uma palavra que se aplica apenas àqueles que estão em formação e idade de crescimento, como costumamos conceber. Educação é para sempre, nos formamos a cada dia, diante das novas circunstâncias que se apresentam. Crescemos com nossos filhos, por isso a espécie se reproduz, para que a evolução não pare. Não podemos esperar que as gerações que se seguem apenas copiem o que já foi produzido, mas que inovem, que inventem, que nos desafiem com suas conquistas, que nos coloquem na parede e ensinem para nós a que vieram.
Que os pais encarem os riscos e potenciais da Internet como um grande presente, uma ótima oportunidade para discutir e compartilhar com seus filhos os avanços humanos que se renovam sempre, sem abrir mão dos valores eternos, que nunca morrem.