por Patrícia Gebrim
Não há nada mais belo do que a liberdade em movimento. Como aquele pássaro que voa ali, pertinho de nós, está vendo? Ele vai para onde batem suas asas, segue o que sua natureza interna lhe diz para fazer. Como podemos aprender a fazer o mesmo?
– Passarinho, nos ensine a voar
Precisamos muito reaprender a voar, a seguir sem medo em direção ao alto, para onde nossas asas nos quiserem levar.
Existe sempre uma sabedoria lá dentro de nós. Talvez venha do mesmo lugar dessa sabedoria que move as asas dos pássaros. Ela é simples, não fala conosco através das complicações da mente.
Acho que nem passa muito perto da nossa cabeça. Mora mais no meio do nosso corpo, mais perto do coração.
De vez em quando ela também parece vir lá de nossas entranhas, e quando é assim, brota forte e quase nos obriga a fazer o que quer.
Mas, na maioria das vezes, essa sabedoria vem leve, sutil, como o bater das asas de uma borboleta. Chamo a esse saber de intuição.
É através da intuição que a sua alma tenta falar com você.
Toda vez que vemos uma borboleta, é uma oportunidade para que nos lembremos da nossa alma. A borboleta não chega fazendo alarde. Ainda assim, mesmo se estivermos de olhos fechados, saberemos que ela está lá. Seu toque é sutil e as asas que a elevam são tão fininhas, quase transparentes.
Acho lindas as borboletas e é uma pena que nem sempre as possamos ver. É preciso ir em sua direção, buscar a natureza, os espaços sagrados onde sua existência seja permitida. E é preciso que entremos em seu mundo com atenção. Na vida, vemos o que queremos, essa é a verdade. Muitas vezes, o esforço que colocamos em tudo nos rouba a leveza, e é assim que, cegos, nos perdemos das borboletas, da sutileza e de nós mesmos.
Não há como evitar momentos de desafios na vida. Mas podemos escolher enfrentá-los mais devagar, com mais confiança, sem tanto desespero, sem tanta pressa em logo querer chegar ao final.
Quando fazemos isso, quando deixamos de encarar os obstáculos da vida como inimigos a serem vencidos, tudo fica mais leve.
Podemos fazer amizade com os obstáculos, torná-los nossos professores. Superá-los aos poucos, com menos esforço, com mais presença. E nesse ritmo seremos capazes de ver uma ou outra borboleta.
Precisamos aprender a fazer isso na vida. Confiar. Manter a calma, seguir nosso ritmo, e mesmo nos momentos mais difíceis, saber que basta virar um pouco o rosto e ela estará lá, a borboleta mais linda, flutuando leve a nosso lado, nos ajudando a continuar em frente.
Às vezes o vento sopra e nos sacode por dentro.
Às vezes as árvores dançam e dos galhos caem chuvas de bênçãos.
O milagre acontece o tempo todo, há que se ter estrelas nos olhos.
Extraído do livro de Patrícia Gebrim “Deixe a Selva para os leões – Inspirações para bem viver nos dias de hoje”