por Nicole Witek
Voltemos para nossos famosos cientistas e premiados com o Nobel, citando Albert Einstein:
“A intuição é o que prevalece. Não tem caminhos lógicos para a descoberta das leis fundamentais. O único caminho é o da intuição, que está reforçado pelo sentimento de que por trás das aparências, existe uma ordem”.
Por trás das aparências?
Os sentidos nos enganam. Mas por que os sentidos não são mais aperfeiçoados?
No decorrer da evolução fomos dotados de sentidos indispensáveis à nossa sobrevivência.
A visão, por exemplo, que parece nos dar a imagem mais precisa do mundo externo, é o sentido que mais nos engana. As mensagens chegam ao olho sob a forma de minúsculos grãos de matéria que são os fótons. Esses grãos estimulam a retina e os impulsos viajam ao longo do nervo ótico em direção ao cérebro. Lá, podemos pensar que esses impulsos se transformam em imagem na nossa mente e que ela é o único órgão de percepção. O que eu acho que eu vejo do mundo externo é basicamente uma imagem – vritti – formada na minha mente.
Já ouço a objeção: mas essa imagem é idêntica ao objeto visto. Não… Isto está totalmente errado!
Um objeto concreto pode nos aparecer denso, compacto, duro. Mas, ao olhos do cientista, esse objeto é real, mas é feito de “vazio”. As moléculas que formam o objeto são feitas de átomos cujos elétrons vibram numa velocidade de 200 000 km/segundo. Cabe 1 milhão de átomos na espessura de um fio de meu cabelo.
O que eu chamo de matéria inerte é na verdade é um campo de forças vibrantes, muito diferente do que aparece aos meus olhos.
Como preocupação principal do yoga, temos a busca da Realidade de nosso ser profundo e a compreensão da realidade última do cosmos.
O que considero como real, que posso experimentar, tatear, é o mundo que se apresenta para meus sentidos.
Qual é a realidade? A mesma para o Einstein que para o yoga: ela está por detrás das percepções…
Por detrás das percepções?
Podemos substituir essa expressão por uma outra bastante controversa! Podemos falar de “extrassensorial”: que fica além da percepção comum.
Até téologo francês Teillard de Chardin (1881-1955), e o téologo e filósofo italiano Giordano Bruno (1548-1600), entre outros falavam que no universo subatômico existem níveis de consciência que a nossa ciência moderna está levando em conta atualmente.
Não sabemos o que é o tempo, nem o espaço. Para o yoga, isso é muito simples: não existem, são categoriais mentais indispensáveis para se deslocar e sobreviver no planeta. Entre as partículas existem interações incríveis para nossa mente
Numa proporção humana, a hipótese de uma consciência quântica pode ser útil, já que as partículas subatômicas são os componentes últimos de nossos órgãos, incluindo o cérebro.
Essas partículas estão em reorganização permanente e expressam a nossa consciência, a qual poderemos aplicar as propriedades das partículas: não-localização*, não- separação* – duas noções que apagam as noções de espaço e tempo. Não existe mas nem o longe nem o perto.
Como exemplo, posso pensar em trilhões de moléculas que penetram a cada inspiração no aparelho respiratório. São combinações atômicas que interagirão no organismo e se impregnarão dos dados intrínsecos a ele antes de ser expulsado e capturado por um outro organismo. Uma quantidade infinita de informações particulares passa assim, de um individuo ao outro, desde as origens do universo, ligando os seres vivos através do espaço e do tempo. Esse fenômeno é uma realidade física – sutil – porém irrecusável.
Devemos levar em conta nossas possibilidades sutis de percepção, que se manifestam na maioria dos casos, sem a participação de nossa consciência de vigília e sem a participação do intelecto nem do raciocino.
Nesses estados modificados de consciência – sono e descanso – que os cientistas apontam como sendo a fonte da inspiração e da intuição genial, poderia aparecer a possibilidade de nossos cérebros, como interface, estarem em contato com a informação contida no vácuo quântico, no espaço entre o núcleo atômico e os elétrons, animados por uma vibração de alta velocidade (para lembrar: 200 000km/segundo) que dá vida e consciência para o universo.
Para o yoga, matéria e consciência: (respectivamente Prakriti – Purusha) são as duas faces da mesma moeda da criação.
Existe uma dimensão que escapa da visão pelos sentidos, se tornando extrassensorial, cujas camadas sutis e psíquicas – Vijnanamaya Kosha e Manomaya kosha -, podemos perceber e entrar em contato.
Da para confiar só no intelecto? A meu ver resposta é: não
A intuição é a possibilidade que nosso ser tem de captar informações sem esbarrar em obstáculos nem de tempo, nem de espaço.
Aléxis Carrel (1873 -1944) famoso biologista francês disse “a intuição está muito próxima à clarividência, é uma percepção extrassensorial da realidade”.