Já passei dos 30 anos e ainda não transei

E-mail enviado por uma leitora:

“Uma amiga está com 31anos e não consegue um relacionamento de namoro prolongado. Ainda é virgem porque espera por alguém que queira compromisso sério. Os namoros que teve duraram de três a seis meses e não foi estabelecida a confiança e segurança necessária para que ela pudesse expressar a sua sexualidade. A idade tem colocado um peso nas costas dela juntamente com o preconceito que sente ao pensar sobre o que irão pensar dela por ela ainda ser assim. Tem pensado em fazer com alguém sem ter o que ela sempre esperou por medo de envelhecer. Tem medo de não chegar a ser mãe e pensa em ter um filho, mesmo solteira. Sonhava em se casar e sente caminhar para longe desse sonho a cada ano que passa. Como posso ajudá-la?”

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Resposta: Quando pensamos em ajudar alguém, a primeira coisa que podemos fazer é nos colocar no lugar dessa pessoa e tentar, na medida do possível, entender seu modo de ser.

Pela sua descrição sua amiga é idealista, procura a perfeição e usa o argumento do “par ideal” para se preservar do medo que tem de viver experiências reais. É um direito dela. Cada um se defende de suas inseguranças do jeito que consegue.

Parece, porém, que essa ideia de se preservar de decepções a qualquer custo, já está se esgotando. E agora, aos 31 anos, começa a enxergar o outro lado da questão; está entendendo que quem ganha segurança perde experiências e sensações; está querendo viver o prazer do risco que sempre evitou. Mas parece que o difícil está sendo dar o primeiro passo.

O primeiro passo

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Ah! O primeiro passo! Aquele que destrói argumentos e pensamentos lógicos que serviram de apoio durante tantos anos! Provavelmente, a sensação que sua amiga tem é que esse primeiro passo destruirá todo o seu esquema moral… Normal para qualquer mulher criada para se preservar sexualmente. Seja aos 15, aos 20, aos 30 aos 40 e assim vai…

Como ajudar minha amiga?

Você pergunta como pode ajudar sua amiga. Bem…você pode estar do lado dela para ouvi-la, dizer sua opinião, dar uma força, mas só ela mesma saberá quando chegou a hora de soltar as amarras e mergulhar em direção à sua primeira experiência sexual. Parece que ela está tentando separar sexo e afeto, pensa em viver a experiência sexual desvinculada de qualquer ligação amorosa. Errado? Não! Não existe certo ou errado nas escolhas amorosas. Existe arriscar ou não arriscar.

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E sobre ser virgem depois dos 30 anos? 

Quanto à  vergonha de ser virgem aos 31 anos… bem, existe sim um preconceito que paira sobre as pessoas que não foram as pioneiras em ter experiências sexuais. Mas como qualquer preconceito tem como base a insegurança, sua amiga deve entender que somente ela é responsável pelas suas escolhas, ninguém tem o direito de interferir. E se o primeiro parceiro achar estranho: “virgem aos 31 anos?” Bem, se ele achar estranho talvez não sirva para ser o primeiro parceiro. Mesmo que ela decida ter sua primeira experiência com alguém a quem não esteja ligada afetivamente, respeito e sensibilidade são essenciais. Mesmo que seja por uma noite só.

E depois da primeira experiência?

Certamente, depois da primeira experiência, sendo ela boa ou nem tanto, sua amiga se sentirá aliviada. E é aí que sua vida sexual começará a tornar forma para ela. A não ser que sua primeira experiência evolua para uma relação mais profunda, as próximas experiências lhe ensinarão o que o sexo significa para ela e o que pode esperar na realidade da vida sexual tão cantada em verso e prosa, mas tão secreta que ninguém saberá ao certo como funciona para os outros. Assim, a única forma de conhecê-la, é vivendo, avaliando prazeres e decepções que ela possa trazer e aprimorando escolhas para melhorá-la. E entendendo que uma primeira vez é apenas uma primeira vez. O importante é o que essa experiência acrescentará à autoestima, ao orgulho de ter arriscado, à sensação de ter sido mulher. A verdadeira vida sexual e amorosa saudável será construída com o tempo.

Atenção!

Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.