por Emilce Shrividya Starling
Existem três tipos básicos de sofrimento:
1. Ignorância
2. Apego
3. Aversão
Vamos falar um pouco sobre cada um deles, pois ao entendermos como evitá-los, poderemos eliminar ou amenizar nossa dor.
A ignorância é como uma cegueira mental. Apesar de acumularmos muitos conhecimentos úteis durante nossa vida, não conseguimos aprender o mais importante dos conhecimentos: saber lidar com a impermanência dos estados de prazer, alegria e felicidade.
Esta ignorância gera os outros dois sofrimentos: o apego e a aversão, criando a dualidade de nosso estado mental confuso.
Quando somos crianças queremos situações e sensações boas e evitamos as sensações ruins. Isto é saudável nesta idade infantil, mas nossos problemas começam quando nos tornamos adultos e nos apegamos aos momentos bons. Tentamos segurar as sensações prazerosas e tentamos evitar que elas terminem. Não estamos preparados para as mudanças que podem acontecer. Chamamos de apego esta ilusão de acharmos que temos controle sobre a duração da felicidade. Mas não temos controle algum sobre isto.
Como não temos consciência da impermanência dos acontecimentos, queremos segurar a vida e os momentos de felicidade. Ao pensar e agir desse modo, deixamos de viver o momento presente. Passamos a viver de uma felicidade que já passou ou que esperamos que aconteça. Para tentar satisfazer nossos desejos sensoriais, fazemos de tudo para evitar o sofrimento. Mas o sofrimento faz parte da vida e nem sempre podemos evitá-lo. Precisamos saber lidar com ele, enfrentá-lo, tentar transformar o sofrimento em estados mais equilibrados e compreender que são oportunidades de evolução e aprendizado.
Sentir aversão por alguma coisa ou por alguém gera sofrimento. Ódio e raiva são emoções negativas que trazem muitas inquietações.
Ao praticarmos a bondade, a amabilidade, a paciência, tornamos nossos relacionamentos mais naturais, espontâneos e verdadeiros. Por meio destas virtudes, edificamos um mundo mais humano e aprendemos a eliminar tanto o nosso sofrimento como o dos outros, e desta maneira, somos mais felizes.
Vamos tomando consciência da dor dos outros à nossa volta. E assim, percebemos a necessidade de ajudá-los a terem consciência de como podem amenizar e aceitar a dor para não serem infelizes. Daí surge a virtude da compaixão que é uma grande chave para nossa libertação.
A compaixão é uma qualidade essencial para nos livrarmos de nossas ansiedades e aversões. Compaixão não é sentir dó ou piedade. É uma atitude de valorizar a outra pessoa, percebendo que somos todos iguais. Abrimos nosso coração para sentir sentimentos como compreensão e aceitação.
A compaixão vai se desenvolvendo à medida que cultivamos a equanimidade, o não julgar, o não criticar e, passamos a ter o mesmo zelo pelo bem-estar dos outros como temos pelo nosso.
Para entendermos melhor os altos e baixos da vida, temos que compreender a lei cármica da impermanência.
Carma não é punição, é uma lei de causa e efeito. O carma não é um destino imutável. É impermanente, manipulável, transformável e pode ser extinto ou diminuído.
As sementes cármicas, boas ou más, têm o potencial de produzir frutos bons ou maus. Ao entender isso, você compreende que pode mudar seu destino e que pode segurar as rédeas de seu destino nas mãos se desenvolver boas virtudes.
Mesmo uma pequena ação pode ter uma grande consequência, positiva ou negativa. Às vezes, pequenos gestos gentis e favores, que você faz para alguém e nem se lembra mais, podem gerar bons frutos no futuro, pois aquela pessoa se lembra de sua bondade e procura lhe ajudar de outras maneiras.
Quanto maior a compaixão e a bondade de uma pessoa, maiores são as suas experiências subjetivas de felicidade. Quanto maior a negatividade, maior o seu sofrimento e dor. A realidade de nossa vida cotidiana é o resultado cármico dos nossos pensamentos, intenções, palavras e ações.
Pratique os sábios ensinamentos do yoga e aprenda a diminuir seu sofrimento e a suportar melhor suas dificuldades. Fique em paz! Namastê! Deus em mim saúda Deus em você!