por Luiz Alberto Py
Separação costuma ser um momento difícil e doloroso. Não importa se a relação foi longa ou curta, medida em anos ou semanas, de toda forma o adeus é triste e tem gosto de fracasso. Porém, precisamos valorizar todas as boas coisas vividas para poder continuar a usufruir das boas lembranças da vida, sem deixar que a distância as enevoem e as tornem perdidas. Muitas vezes isto se torna complicado pelas frustrações acumuladas durante o período de convivência. Mas esta questão é possível de ser superada quando se faz um esforço, baseado na boa vontade que uns e outros merecem, em função dos bons momentos que usufruiram juntos e a camaradagem e amizade que se criou.
Tem que ser levado em conta o fato de que sempre existe, em maior ou menor grau, a tentação de destruir a imagem daquele que está indo embora. É bom lembrar também que o fim de uma relação não significa necessariamente fracasso. Não podemos nos deixar levar pela ilusão de que todo relacionamento perdurará eternamente; muitos duram, como a rosa de Malherbe (**) apenas "o espaço de uma manhã". Nem por isto deixam de ser belos episódios. Esta tentação precisa ser superada para que se possa preservar para o futuro algo da relação que se desfaz.
Não há porque se hesitar demais quando chega o tempo do desligamento. Sempre vale a pena lembrar que o principal estímulo para uma separação consiste numa esperançosa busca de felicidade.
Escrevi os parágrafos acima falando sobre separação em um sentido geral. Acho que eles são apropriados para este momento, onde estou escrevendo meu derradeiro artigo para o Vya Estelar. Foi um tempo produtivo, uma relação preciosa para mim, mas chega o momento de repensar prioridades e encarar os novos desafios do ano que está se iniciando. Com tristeza, mas também feliz por ter tido esta oportunidade, me despeço dos leitores que me honraram com seu interesse pelos meus artigos e com os e-mails que me enviaram.
Lamento não ter tido a oportunidade de responder a todos. Foram quase dois mil e mails aos quais respondi apenas umas poucas centenas. Fica esta dívida a ser, espero, algum dia, resgatada em um livro onde, genericamente, eu consiga contestar toda essa correspondência. Sou muito grato à direção do Vya Estelar pelo convite que muito me lisonjeou e pelo apoio dado durante toda minha permanência aqui. A todos uma afetuosa saudação.