por Roberto Goldkorn
Não estou inventando a roda. O meu antepassado ilustre, Aristóteles, me disse: “A única possibilidade de existir de forma saudável é ficar no meio, no equilíbrio”. A Proporção Áurea foi um modelo matemático filosófico que nos diz que os extremos são infernais.
Mas ficar equilibrando entre mãos ávidas que nos puxam e as indiferentes que nos repelem não é para qualquer um. Por que raios digo isso em filosofez de botequim?
Acabo de lançar um livro em Portugal onde discuto o magnetismo humano, aquela energia sutil, mas poderosa, que nos torna sedutores, atraentes, ou em sua ausência, invisíveis e solitários.
Assim como o dinheiro, uma coisa tão boa, com a energia magnética é um problema quando está em falta, mas também quando transborda e sai pelo “ladrão”. Meus clientes em sua maioria reclama da solidão e do desamor, justamente por estarem quase sem o combustível do magnetismo. Por diversas razões foram perdendo sua poderosa energia magnética, deixando de ser interessantes aos olhos dos outros, perdendo relevância, ficando esquecidos. Assim como os pobres de dinheiro, eles têm de conviver com os demônios da solidão, mesmo que tenham arranjado um pobre diabo para lhes remendar o buraco da solidão insuportável. Se tiveram a sorte de possuir riqueza, podem comprar uma mulher, ou um marido para chamar de seu, mas esse arranjo não engana seu próprio coração e continuam sós, sem orgulho, sabedores que são da farsa em que se meteram.
Do outro lado do ringue há aqueles que por motivos misteriosos, estão transbordantes de energia magnética. São imãs poderosos, que até dormindo, ou com a cara cheia de cremes atraem as multidões de admiradores e fãs. Ocorre que, miseravelmente, a maioria dessas sereias supermagnéticas, ao atrair tudo e todos, arrastam em suas redes primeiro os predadores, os devoradores, os “vampiros” de magnetismo. Da mesmíssima forma que nas grandes fortunas, o dinheiro precisa se “alimentar”, senão fica fraquinho e pode sumir. Mas quando existe muito, mas muito dinheiro mesmo, o bom alimento, leia-se bons investimentos começam a rarear. Assim o dinheirão começa a aceitar os subprimes da vida, as terceiras e quartas hipotecas, e o fim dessa história todos sabems onde vai dar.
Pessoas hipermagnéticas não ficam sozinhas, mas quase sempre lamentam profundamente esse fato. Conheço mulheres assim. São, cada uma à sua maneira, atraentes, mandam mensagens subliminares de prazeres inenarráveis (até porque são subliminares), ou apenas representam banquetes primitivos para indivíduos ainda mais primitivos. A ironia disso tudo é que as primeiras (as vazias) invejam as segundas. Mas não sabem da missa um terço. Não fazem ideia de que por trás daquela belezura sedutora, sempre acompnhada de homens “fortes” está alguém que apanha na cara, é humilhada sistematicamene, ou ao invés de sexo, vive em situação de constante estupro.
Certa vez atendi um empresário importante. Quando olhei a sua assinatura lhe disse quase sem pensar: “coitada da sua mulher.” Ele riu e me perguntou (apenas por obrigação de perguntar pois já sabia a resposta): “Por que diz isso?”
“Porque ela deve viver em terno desasossego, conhecendo o sedutor incansável que você é.” Ele riu-se com a vaidade das crianças que recebem um elogio. Propus-lhe um tratamento para exercer um maior controle sobre seu magnetismo, mas ele não apostou nem uma ficha nisso. Um ano depois ouço de uma outra mulher que se deixou arrastar por sua rede permanente de sedução: “Eu o odeio com todas as minhas forças.” Fiquei em silêncio mas tive vontade de dizer: “Entre na fila.”
Minhas clientes hipersedutoras me dão mais trabalho que as de escassa sedução, porque estão constantemente no risco. Sua energia poderosamente animal, atrai imediatamente homens mais animais, que são os mais ágeis em farejar esse tipo de alimento. Por isso e para elas (e eles) escrevi o livro Dormindo com o Inimigo para dar a minha contribuição ao fim desse massacre.
A solução é aristotélica. Buscar através do aperfeiçoamento dos mecanismos píquicos, o controle sobre o fluxo do magnetismo. Apesar de estarem nos extremos do continuum, essas pessoas vazias ou cheias demais têm muito em comum do que imaginam. Com o tempo, o ego fraturado, a baixa autoestima, e a perda da alegria de existir as reduzem abaixo de suas potencialidades pessoais e espirituais.
Em comum as duas faces do magnetismo, precisam caminhar em frente, na construção de um lastro central forte, uma corda entrelaçada poderosa que as possam puxar para cima sempre que precisarem. Compondo essa corda estão dois fios inquebrantáveis: amar-se sempre acima de todas as coisas (exercer na prática esse autoamor) e demonstrar a gratidão generosamente, por estar vivo, e poder estar lendo e entendendo essas linhas.