Relação ruim com o dinheiro

Conheça os freios que tiram a sua paz e te condicionam a ter uma relação ruim com o dinheiro   

Você sabia que as primeiras moedas surgiram por falta de memória? O dinheiro é uma das nossas maiores preocupações, pois desejamos ter sempre mais e diariamente tomamos decisões de economia doméstica.

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Você, caro leitor, já parou para pensar que a maneira como você age com o seu dinheiro fala muito sobre você? Antecipo aqui, que não vou falar da avareza. Ou se se a tendência é a de esbanjar, economizar ou optar por investir… Todos esses comportamentos podem revelar sobre seu funcionamento psíquico.

O fato é que as experiências que tivemos em nossas primeiras décadas de vida e em momentos críticos, como o que estamos vivendo agora, causada pelo impacto da Covid-19, podem gerar um impacto sobre nossas finanças.

Nossa gestão financeira também expressa nossos pensamentos e temores diante do risco para investir, nossa ganância e os freios que nos prendem e nos impedem de ter uma relação tranquila com o dinheiro. Então, para melhorar nossa relação com o dinheiro temos que ter compreensão sobre o que nos condiciona.

A primeira influência tem a ver com o ano em que nascemos. Explico: um estudo revelou após analisar o consumo da população norte-americana durante 50 anos  que o que ocorria na economia durante nossas duas primeiras décadas de vida condiciona, se não determina, nossas  crenças de como o mundo do dinheiro se movimente e as decisões que tomamos depois. Basta lembrarmos de décadas de alta inflação que vivemos por anos a fio. As crises e as bonanças econômicas afetam as decisões coletivas e as individuais.

 O economista espanhol Fernando Trías de Bes publicou neste ano ‘Una historia diferente del mundo’ e analisou como agimos em momentos de furor grupal e de dificuldade. Segundo ele: “Somos capazes de nos endividar até as orelhas em pleno fervor do tijolo na Espanha e de trocar nossa casa por bulbos de tulipa na Holanda durante o século XVII”.

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Se pensarmos no impacto da Covid-19, o dinheiro age como um bálsamo contra a incerteza, pois economizamos porque não sabemos o que vai acontecer. É uma resposta inconsciente, motivada pelo medo e os estragos da pandemia, não pela situação real da economia.

Outro fator é nossa inteligência financeira. Explico, nossa capacidade para maximizar nossas finanças, que está intimamente relacionada à gestão das nossas emoções. Vejamos um exemplo publicado na revista Sports Illustred, segundo a pesquisa 60% dos jogadores da National Basketball Association (NBA) com salários milionários declararam falência cinco anos depois da aposentadoria. O número chega a 79% no caso dos jogadores da National Football League (NFL), o futebol americano.

Mas também temos casos opostos: pessoas com salários discretos que são capazes de construir patrimônios economizando pouco a pouco e ousando investir nos momentos adequados. A inteligência financeira ajuda a pender a balança em um sentido ou no outro.

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Relação ruim com o dinheiro: solte os freios que tiram a sua paz

Após refletirmos sobre nossa relação com o dinheiro, segue alguns freios que não nos deixam melhorar nossa relação com o dinheiro:

– O medo de perder dinheiro em muitas pessoas é mais poderoso que o de ganhar.

– O cinismo e o pessimismo constantes, que impedem de ver as oportunidades.

– A preguiça, que nos impede de procurar como obter mais renda de outras fontes e nos causa a ‘síndrome do hamster’, que nos faz agir sempre do mesmo modo.

– Maus hábitos de consumo e gasto, que podem prejudicar nossa saúde financeira.

– A arrogância, que nos impede de continuar aprendendo.

Coordenador do serviço de atendimento a pacientes com tricotilomania no PRO-AMITI/IPq FMUSP. Supervisor clínico na UNIP. Psicólogo pela Universidade Metodista. Mestre em ciências pela Faculdade de Medicina da USP. Especialização em Terapia Cognitivo-comportamental pelo Ambulim/IPq FMUSP. Especialização em Psicologia Hospitalar pela UNISA