por Alex Botsaris
As pesquisas mais recentes têm suportado aquilo que, nós médicos que trabalhamos com técnicas alternativas como acupuntura e fitoterapia, já sabíamos há muito tempo: medicina complementar é um recurso excelente para dar suporte e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com câncer.
Artigo recente publicado na Havard Magazine, revista oficial da Universidade de Harvard, uma das mais conceituadas dos Estados Unidos, dedica-se a falar das conquistas da medicina complementar, em especial no suporte de portadores de câncer, como um método cada vez mais utilizado e respeitado naquele país.
No artigo“The New Ancient Trend in Medicine” os pesquisadores relatam que muitas revisões, em especial feitas pelo NCAM – o Núcleo de Medicina Alternativa e Complementar do NIH (National Health Institute) a aplicação das técnicas complementares gerou benefícios significativos para os pacientes. Os resultados são consistentes, por exemplo, para controle das dores, na melhora da disposição física, e melhora do humor, regulação do ritmo intestinal, entre outros benefícios reportados.
Alguns fifoterápicos como a curcumina extraída da Curcuma longa, os polissacarídeos do cogumelo Maitake, e as pectinas cítricas tiveram uma extensa pesquisa demonstrando resultados significativos em câncer com um nível de tolerância excelente e nenhuma toxicidade. A medicina antroposófica ainda contribuiu com a indicação do extrato de Viscum álbum, ativo especialmente nos casos de linfoma.
Num estudo feito pela Universidade de Colônia (Alemanha), por exemplo, o uso de Medicina Complementar reduziu vários efeitos colaterais da quimioterapia de câncer da mama. Já, estudos feitos na China, demonstraram que o uso da Medicina Tradicional Chinesa junto com quimioterapia tradicional aumentou a frequência de remissões completas do câncer de estômago, em comparação com o tratamento convencional. Resultados como esses, têm levado alguns centros de pesquisa a reavaliar sua estratégia. Assim, nesse artigo a universidade de Havard anuncia que a escola de medicina está criando uma clínica integrativa onde ambas as medicinas, convencional e complementar, vão ser utilizadas em associação no tratamento de várias doenças incluindo o câncer.
Existem ainda muitas publicações que criticam a Medicina Complementar, alegando que a metodologia dos estudos não é boa ou usando outros argumentos em nome da ciência, para desqualificar as suas indicações. Mesmo assim continua aumentando o número de pacientes que busca associar a medicina complementar à quimioterapia convencional para tratamento de câncer em todo mundo. Esse movimento resulta de relatos de outros pacientes ou experiência prévia dos indivíduos, e na maioria dos casos, os oncologistas não são comunicados. Pelo perfil dos pacientes que busca o suporte da Medicina Complementar, também temos evidência que ele faz uma diferença significativa. Em geral são pessoas com melhor nível de instrução e de classes mais ricas que têm buscado essa complementação ao tratamento de câncer.
Ainda que existam muitas perguntas sem resposta e que o mecanismo exato pelo qual a medicina complementar melhora os resultados da medicina convencional, ainda não estejam totalmente esclarecidos, essas técnicas são muito antigas e já reúnem suficiente evidência de seus benefícios. Sendo assim é melhor que se utilize com mais frequência esses recursos e os disponibilize para os pacientes, considerando que portadores de câncer enfrentam drogas tóxicas e efeitos colaterais importantes.
No Brasil os recursos da Medicina Complementar foram incluídos nas ações do Ministério da Saúde através da PNPIC (Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares), que inclui a acupuntura, a fitoterapia, a medicina antroposófica, a balneoterapia e a homeopatia. As ações do Ministério da Saúde nesse terreno ainda são tímidas, mas já é um começo disponibilizar essas técnicas no SUS. Estamos torcendo para que cada vez mais a Medicina Complementar seja implantada nas unidades de saúde do SUS e oferecida a população pobre.