por Luiz Alberto Py
Quando meu filho tinha quatro anos, certo dia recebeu a visita de um amiguinho, acompanhado da mãe que queria conversar comigo sobre algum problema dela. Enquanto eles brincavam, a mãe do amiguinho tentava tomar conta dos dois e se afligia com as travessuras dos meninos. Num determinado momento eles começaram a experimentar subir dois degraus de uma escada e pular.
Depois de eles terem repetido várias vezes a proeza, ela não se aguentou e reclamou: "Vocês vão acabar se machucando!". Meu filho olhou-a espantado e comentou com o colega: "Como é que ela quer que a gente não se machuque?"
Acho que essa realista observação de uma criança, na ingenuidade de seus quatro anos, situa com aguda precisão o problema de como se vive a vida. Como viver sem se machucar?
Não é possível fazer um omelete sem quebrar os ovos
Para evitar dores e ferimentos somente renunciando à emocionante aventura da vida.
Quantas e quantas vezes vemos pessoas se acovardando e fugindo de enfrentar seus desafios pelo medo do sofrimento?
Quantas vezes cada um de nós se esquivou de correr um risco em busca de algo mais para ser feliz simplesmente por estar assustado com a possibilidade de fracassar e por não se sentir capaz de suportar a agonia do insucesso?
Fico contente ao ver meu filho compreender que em todos os momentos da vida, inclusive nas brincadeiras e travessuras, existe a probabilidade de um acidente e que isto nos ensina a ter cuidado, mas não deve nos paralisar.