por Anette Lewin
"Gostaria de fazer terapia de casal, mas meu marido é muito preconceituoso em relação a psicólogos. Ele diz que os mesmos não conseguem resolver nem a própria vida: tem problemas com filhos; então não irão me ajudar etc. Convém forçar assim mesmo? Ele tem uma formação muito boa, não é um ignorante, mas não sei o que fazer."
Resposta: Você consegue enxergar a terapia como uma possibilidade de melhorar o bem-estar entre o casal.
Talvez já tenha se informado sobre o processo, ou quem sabe algum casal conhecido faça. Mas, como qualquer "remédio" que se preze, a terapia não é para todos. Principalmente a de casal onde alguns requisitos básicos são necessários.
Requistos para a terapia de casal ser bem-sucedida:
1º) Para que o casal possa ser trabalhado de forma eficiente, é importante que os dois estejam num nível de autoconhecimento parecido. Se um dos dois está acostumado a refletir sobre si mesmo e o outro não, fica difícil criar-se uma linguagem em comum.
2º) Além disso, é óbvio, é importante que os dois queiram participar do processo. Talvez um queira mais, outro não queira tanto, mas, algum grau de esperança e credibilidade devem ser depositados na terapia para que ela possa dar resultado.
No seu caso, seu marido desconfia do processo, dos psicólogos, e parece não estar muito disposto a mexer no "vespeiro". Embora tenha uma boa formação profissional, não parece estar muito acostumado a falar de sentimentos, principalmente dos próprios, daí sua resistência. É claro que você pode continuar sugerindo e buscando argumentos que possam ser aceitos por ele, mas evite fazer da terapia de casal a fantasia salvadora da relação. Ela pode ser muito útil em certos casos, mas mas nem sempre consegue melhorar o relacionamento do casal. E, às vezes, um casal em terapia pode perceber a separação como a melhor solução para os conflitos matrimoniais.
Talvez, dentro da história que relata, o mais adequado seria você começar fazendo uma terapia individual. O processo poderá ajudá-la a melhorar ainda mais sua percepção sobre você mesma, sobre seus conflitos matrimoniais e, quem sabe, através desses novos conhecimentos, lidar de uma forma mais eficaz com seu marido. Pode ser que ele se sinta bem com seus novos modos de agir decorrentes do processo terapêutico e se anime a fazer uma terapia de casal ou até uma terapia individual. Afinal, às vezes, os resultados práticos falam bem mais alto do que as sugestões teóricas.
Além disso, você mesma se sentiria melhor por estar tomando uma atitude pessoal ao invés de acreditar que por estar casada precise fazer sempre "programas a dois". Esse é um mito que derruba muitos casamentos! Preservar a individualidade e os projetos pessoais faz de cada um uma pessoa mais completa, mais feliz e mais apta a conviver de forma adequada com seu parceiro amoroso. Mãos à obra!